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Construção de usinas paralisa e só aquisições movimentam setor

A dificuldade de financiamento trazida pela crise global reduziu os investimentos em etanol e travou a construção de novas usinas de açúcar e álcool no Brasil. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), das 35 usinas previstas para entrar em operação no Centro-Sul no decorrer da safra 2009/10, apenas 20 devem ser implantadas, mas sem prazo definido para o início dos trabalhos.

O valor de investimento para a construção de uma nova unidade, hoje, dependendo das etapas de crescimento e condições tecnológicas da usina, varia entre R$ 120 e R$ 180

por tonelada de cana moída, segundo a Dedini, principal fornecedora de equipamentos para o segmento. No auge da “febre do etanol”, no final de 2006, os investimentos industriais ficavam entre R$ 100 e R$ 120.

Melhor comprar que construir

O problema, no entanto, não é o custo de construção, mas a falta de crédito para novos projetos. “Sem financiamento e com a depreciação dos ativos, a expansão de novas plantas industriais, no curto prazo, está interrompida”, afirma o diretor técnico da Unica, Antonio de

Padua Rodrigues. Para Josias Messias, diretor do Procana, empresa especializada em informações do setor sucroalcooleiro, a falta de crédito internacional reduziu o número de agentes com condições de adquirir usinas. “Aliada ao déficit econômico, especialmente no etanol, a falta de recursos fez com que a maioria dos projetos de novas unidades

fosse postergada”, afirma. Segundo Messias, na safra 2008/09 sete usinas em projeto foram adiadas; na safra 2009/10 esse número deve subir para 16 e, no ciclo 2010/11, para 30 unidades.

Diante de um cenário bastante incerto, a alternativa para os investidores no momento é, segundo Padua, da Unica, comprar usinas já prontas e com dificuldades financeiras, ao invés de investir em novas usinas. “Começar uma usina do zero demanda um investimento inicial muito alto e o retorno do primeiro faturamento demora cerca de quatro anos. No caso de uma usina em funcionamento, no entanto, você compra em condições mais favoráveis e a preços mais baixos por causa da desvalorização de seus ativos,” afirma o executivo. Ele também explica que estas unidades tem a vantagem do retorno financeiro imediato. “O custo da aquisição de uma usina em operação depende da tecnologia, dívida, passivo trabalhista, área agrícola, entre outros aspectos. No entanto, sabe-se quemuitas unidades descapitalizadas estão à espera de pechinchas”, afirma o diretor executivo do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético (Ceise BR), Flávio Vicari.

Ambiente propício

Para Messias, as mudanças nas condições do mercado tornaram o ambiente propício para que as usinas aceitem propostas de aquisições e fusões. A Santelisa Vale, por exemplo, segundo maior grupo do setor no Brasil, está em negociações avançadas para ser adquirida pela francesa Louis Dreyfus, que fará gestão compartilhada com os atuais controladores.

Segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, o valor de compra do grupo, que está renegociando dívidas de R$ 3 bilhões, vai ficar abaixo do que vinha sendo estimado. Para o presidente da Unica, Marcos Jank, a Petrobras, que já anunciou grandes investimentos na construção de usinas, poderia ser uma esperança para a reestruturação do setor se adquirisse usinas. Para ele, construir novas unidades, no momento, não faz sentido.

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