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Consórcio de girassol e cana-de-açúcar é opção

O girassol é a vedete da vez no Rio Grande do Norte para a produção de biodiesel. Porém, associada à cultura da cana-de-açúcar – um dos destaques da agricultura do estado – a planta pode oferecer inúmeras vantagens e subprodutos que vão muito além do óleo para produzir o combustível verde. Com uma enorme capacidade de melhorador do solo, pesquisas mostram que o girassol oferece um grande aumento na produção das culturas às quais é associado nos períodos de ‘‘descanso’’ do solo. Para mostrar esta potencialidade, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) e o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) promovem hoje uma palestra sobre o processo de associação destas duas culturas.

O evento será realizado no auditório da Secretaria Estadual de Agricultura (Sape) e tem como foco os produtores de oleaginosas, além dos plantadores de cana. O objetivo é mostrar como o girassol pode trazer benefícios econômicos para os próprios empresários. A pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Regina Ungaro, que veio à Natal para ministrar a palestra e tem pesquisas na área, relata que os ensaios realizados em São Paulo apresentaram um aumento de mais de 40% na plantação de cana-de-açúcar e 50% na produção de açúcar com a associação.

Pelo projeto, o girassol seria cultivado nas áreas de renovação de campos da cana. No caso do RN, esse trabalho ocorreria entre os meses de março e julho quando ocorre a entressafra. Uma das principais vantagens do consórcio entre as culturas é o fato do girassol possuir raízes longas que, em busca de água, trazem também os nutrientes que estavam em camadas mais profundas do solo e que foram sendo afastadas da superfície devido à chuva e irrigação. A raiz também secreta substâncias tóxicas que inibem o crescimento de algumas ervas daninhas, além de atraírem a presença de microorganismos benéficos para vegetais.

UTILIDADES

Apesar de ser o produto mais visado atualmente, a matéria-prima para biodiesel não é a única substância a ser extraída do girassol. Da semente, também é possível ser retirado um já conhecido óleo comestível para o homem e outro medicinal usado no tratamento de esclerose múltipla. O grão é utilizado não só para alimentação de alguns pássaros, mas na Espanha, a população o consome in natura depois de torrado. Outra opção do girassol é a utilização da planta como forragem para o gado e adubação verde.

Uma associação com os apicultores é outra possibilidade já que um hectare da planta consegue produzir de 20kg a 30kg de mel. A haste serve para ser usada na fabricação de forrações acústicas por ter uma consistência interna muito leve, semelhante ao isopor. Por fim, um dos usos que tem se destacado recentemente é a utilização ornamental.

Como fonte de óleo para biodiesel, segundo Regina Ungaro, o girassol é a cultura anual mais viável em comparação a outras inclusive a soja, o algodão e a mamona. A substância extraída do girassol está hoje mais próxima dos padrões estabelecidos pelas indústrias de motores que utilizam o diesel. ‘‘A indústria diz quais as características que o combustível deve ter para que seja mantida a garantia que o equipamento produzido’’. Em três meses, a cultura do girassol produz cerca de 800kg de óleo por hectare, atendendo aos níveis de viscosidade, teor de iodo e outros que são exigidos.

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