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Congressistas avaliam doenças do campo

Cerca de 400 profissionais e estudantes da área de fitopatologia de diversas regiões de São Paulo e de outros estados participam do XXVII Congresso Paulista de Fitopatologia, desde o último dia 10, no Instituto Agronômico (IAC), em Campinas (SP). O evento termina hoje e a abertura teve como destaque as considerações a respeito da importância da fitopatologia como ferramenta de proteção do agronegócio nacional.

“A relação entre o Grupo Paulista de Fitopatologia e o IAC não começa agora. Esse entrelaçamento pelo bem da ciência e da agricultura vem de longa data. Para quem não sabe, o GPF foi formalmente fundado em 1974 no anfiteatro do Instituto Agronômico”, afirmou o diretor-geral do IAC, Cândido Ricardo Bastos.

A sanidade vegetal foi apontada como importante aspecto no processo de globalização, que amplia a movimentação de produtos entre os países e com isso a probalidade de transportar patógenos.

De acordo com José Sidnei Gonçalves, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), é necessário montar estratégia de proteção do produto nacional, sob pena de desmoronar toda a estrutura do agronegócio brasileiro, setor que representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e emprega 38% da mão-de-obra.

O coordenador enfatizou que a competência em proteção da produção nacional tem que ser anterior à ocorrência de doenças. “Precisamos de equipes científicas em vários pontos do país com competência para proteger porque está em jogo toda a competitividade nacional”, afirmou.

O impacto da fitopatologia no agronegócio foi discutido por Armando Bergamin Filho, da ESALQ/USP, que expôs um histórico das doenças nos campos quando a agricultura ainda era uma atividade de subsistência. Naqueles tempos, em 1845, a epidemia da requeima da batata, na Irlanda, causou dois milhões de mortes. No Brasil, na década de 1920, o mosaico da cana provocou grande baixa na produção, que caiu de 1.250 sacas, em 1922, para 220 mil, em 1925.

Em 1937, o Brasil enfrentou a Tristeza dos Citros, que matou 81% dos pomares. A solução para o problema foi a troca do porta-enxerto, passando a usar o de limão-cravo. Hoje, 85% dos 200 milhões de árvores do parque citrícola nacional têm esse porta-enxerto.

Saltando para as doenças atuais, depara-se com a Morte Súbita dos Citros (MSC), que ataca justamente plantas enxertadas em limão-cravo, colocando em risco 85% dos pomares nacionais. Notada em 1999 no norte do estado de São Paulo e sul de Minas Gerais, a doença vem evoluindo — naquele ano cerca de 500 árvores foram mortas, em 2002 saltaram para 350 mil plantas vitimadas no ano passado, um milhão e 500 mil árvores morreram em decorrência da MSC.

De 2002 para 2003, a incidência da MSC no estado de São Paulo saltou de 5 para 18 municípios, passando de 22.100 plantas infectadas para 44.449. A doença é uma gravidade para esse importante agronegócio, que abrange 615 mil hectares no país, com 200 milhões de árvores, gerando 37% da produção mundial e 400 mil empregos diretos só no estado de São Paulo.

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