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Confiabilidade industrial mobiliza usinas do setor sucroenergético

Soluções apontadas pelo segmento incluem capacitação de recursos humanos e adoção de inovações tecnológicas

Confiabilidade industrial mobiliza usinas do setor sucroenergético

Alcançar a plena compreensão da importância dos conceitos de confiabilidade e disponibilidade. As usinas do setor sucroenergético estão se submetendo a esse desafio. Planejamento de ações, investimento em recursos humanos e inovações tecnológicas, fazem parte do pacote de estratégias adotadas para otimizar a utilização de seus equipamentos com mais eficiência e maior produtividade.

A questão foi tema da Quarta Estratégica do JornalCana, realizada no dia 15 de setembro, com a participação de Deberson Luis, gerente corporativo de PCM industrial da BP Bunge Bioenergia; Maicon Caetano, gestor de PCMI da Usina Pitangueiras e Waldyr Pascoal Neto, gerente de manutenção Industrial da Adecoagro.

O webinar patrocinado pelas empresas AxiAgro, BioCon e S-PAA Soteica, foi conduzido pelo jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias.

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Na BP Bunge Bioenergia, disponibilidade e confiabilidade estão integradas a filosofia de trabalho, informa seu gerente corporativo de PCM industrial, Deberson Luís. “É a forma de trabalhar, o ato de ser proativo, e através de dados, tomar as melhores decisões incluindo: capacitação, recrutamento e retenção de profissionais, estruturação e padronização de processos e estratégias de manutenção”, explica Deberson.

Deberson Luis

O Plano Diretor de Manutenção e Confiabilidade da usina se baseia em três pontos: Visão Interna: processos de gestão, boas práticas das usinas, padronização entre as unidades, simplificação e otimização; Benchmarking: referências de disponibilidade, custo, boas práticas, inovação e tecnologia; e Diagnóstico, práticas do ISO 55.001 aplicáveis a BP Bunge: gestão de ativos, custo do ciclo de vida (LCC), performance e gestão de riscos e práticas da ISO adotadas pelo mercado e aplicáveis ao PDMC.

Deberson explica que internamente é feito um diagnóstico da situação de cada planta das 11 unidades que integram o grupo. Ele lembra que os recursos humanos são a base de todo o processo, com bons profissionais que dão todo suporte e sustentação necessária.

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“A nossa engenharia de confiabilidade está dividida em seis grupos com vários itens e perguntas. Temos 22 grandes ações, algumas já em andamento. Já fizemos testes para estabelecer uma central de monitoramento de ativos preditivos. Em breve teremos boa parte das nossas plantas online, com tudo o que se fala hoje de indústria 4.0 e alguns estudos de FMEA para obtermos os melhores planos de manutenção”, explica.

Segundo o gerente, entre os avanços já registrados após a implementação do PDMC está a padronização dos processos em todas as unidades, que possibilitou por exemplo, a redução de 27% do número de motores queimados. “Hoje temos indicadores padronizados que guiam as plantas e o corporativo, afirma Deberson, que destacou ainda as ações de governança com reuniões quinzenais para acompanhamento do plano de ação, mensais para alinhamento dos avanços e anuais para apresentação de resultados”, ressalta.

Profissionais da base

Maicon Caetano

Segundo Maicon Caetano, gestor de PCMI da Usina Pitangueiras, o trabalho de confiabilidade na companhia começou com o envolvimento dos profissionais da base. “Envolver e engajar os trabalhadores para que se sintam parte deste desafio foi um grande feito da usina, para identificar as oportunidades para melhorar o processo”, disse.

Nessa primeira etapa foram apontados os seguintes desafios: mapear os gargalos do processo produtivo, modernização da planta industrial, intensificar o plano de manutenção preditiva e preventiva, reestruturação do PCM, promover programas para mudança de cultura, trazendo conceitos Kaizen e café com a diretoria, promover treinamentos técnicos e operacionais e investimentos em novas tecnologias, a chamada indústria 4.0.

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“Um dos conceitos que aplicamos em nossa manutenção foi o de mapeamento da linha crítica que engloba a gestão das paradas de processo, análise das falhas, implementação de checklist preventivo para operação TPM (Manutenção produtiva total), Matriz decisória para investimento e Plano de lição aprendida, que é muito importante. Você reúne todo histórico de um período, criando ações para que aqueles eventos não aconteçam”, comentou.

Maicon destacou que os resultados alcançados têm sido bastante satisfatórios. “No setor de extração, por exemplo, reduzimos o número de paradas de 351 em 2017 para 51 na safra 2021. No setor de Utilidades saímos de 73 horas para 6h51, reduzindo a quantidade paradas de 42 para 8”, afirmou.

Waldyr Pascoal Neto

Waldyr Pascoal Neto, gerente de manutenção Industrial da Adecoagro, com duas unidades no Estado do Mato Grosso de Sul, explicou que a estruturação do setor de confiabilidade na usina se deu através da criação de uma supervisão para o assunto dentro da estrutura da empresa. Abaixo deste supervisor estariam os planejadores de mecânica, elétrica e caldeiraria, um programador e um analista de confiabilidade.

“Para ocupar este posto de planejador, nós escolhemos os melhores executores de cada planta, o que representou a nossa primeira quebra de paradigma, pois acreditamos que quando existe um bom planejamento as quebras são menores”, disse.

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O gerente afirmou ainda que promoveram também uma reestruturação da Preventiva e Preditiva com implantação de um novo programa de análise de vibração, incremento de técnicas de termografia elétrica, termografia mecânica, análise de óleo, medição de espessura e formação de novas rotas de Preventivas nas unidades.

Waldyr também citou alguns desafios relativos à indústria 4.0, no qual a usina já vem avançando como, por exemplo, análise de vibração on-line; mobilidade com comunicação wifi; uso de inteligência artificial no processamento de dados, análise de problemas de forma remota, entre outros.