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Conceito ESG amplia ações de diversidade de gênero no setor bioenergético

Estudo aponta que mulheres ocupam de 9% a 14 % dos postos de trabalho no setor

Seja na vida social, na política ou no trabalho, a equidade de gênero ainda está distante dos padrões preconizados pela Organização das Nações Unidas.

O tema é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do milênio, o de número 5, que estabelece acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda partes. O assunto, embora não seja novo, vem ganhando espaço também no setor bioenergético com a implantação do conceito ESG na gestão dos seus negócios.

Estatísticas apresentadas pela Bonsucro, apontam que em 2019 entre as usinas certificadas, as mulheres representavam 9% da força de trabalho no campo e 14% nas atividades industriais. Para abranger mais o assunto, o JornalCana promoveu nesta quarta-feira, dia 16 de março, o webinar “O Papel da Mulher no Contexto de Diversidade e ESG no Mercado Bioenergético” e reuniu um seleto time feminino formado por Adriana Maria Quagliato Vessoni, diretora Executiva Financeira e RH da Usina São Luiz, Claudia Tonielo, diretora de RH do Grupo Tonielo e Livia Ignácio, gerente Brasil da Bonsucro.

Sob a condução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, o webinar foi patrocinado pelas empresas AxiAgro e S-PAA.

Em suas apresentações as dirigentes das Usinas São Luís e do Grupo Tonielo destacaram que embora ainda não tivessem sido conceituadas, muitas das práticas ESG, já vinham sendo implementadas em suas empresas, que buscam agora aprimorar e adequar alguns padrões para atingir de forma plena todos esses objetivos.

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A diretora da Usina São Luís, Adriana Maria Quagliato Vessoni, informou que durante os estudos para a implementação das práticas ESG foram identificados um conjunto de ações internas que já se enquadram dentro destes princípios.

“Com relação ao meio ambiente, seguimos as práticas relacionadas a certificação Bonsucro e RenovaBio, desde o insetário interno, onde é produzido o inimigo natural para o controle de pragas, sem intervenção de produtos químicos, até o setor de reciclagem interna para reaproveitamento de papel, plásticos entre outros”, informou.

No quesito social, a diretora informou que atuam ativamente com a segurança e saúde do colaborador. “No mês de fevereiro em nossa empresa tivemos zero acidente de trabalho. Estamos também em vias de implementação da avaliação psicossocial na totalidade dos nossos colaboradores. Melhoramos nossas práticas de gestão, fortalecendo treinamentos para líderes e atuando na satisfação de nossos colaboradores. Em 2021 alcançamos a certificação GPTW com quase 84% de satisfação”, contou.

Adriana ressaltou que a usina trabalha na implementação de um plano de carreira de forma a oferecer uma remuneração justa e imparcial com base apenas em competências do colaborador sem qualquer tipo de discriminação. Dentro da Usina São Luiz em relação ao quesito diversidade a representatividade feminina na companhia conta com 334 mulheres e 2016 homens.

“Mesmo ainda tendo menos mulheres que homens, elas estão presentes em praticamente todos os setores da empresa”, afirmou Adriana, lembrando a participação das mulheres em cargos de liderança e também na diretoria. “Nossa diretoria executiva conta com 3 mulheres e 5 homens”, disse.

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Adriana Maria Quagliato Vessoni

Para ela, “é preciso desmistificar a ideia de que existem atividades que não podem ser executadas por mulheres dentro da empresa, ao contrário, procuramos mostrar que elas podem estar onde quiserem estar. Temos muito que caminhar ainda com a implementação do ESG na empresa, mas estamos no caminho certo, quando falamos sobre respeito, confiança e gerar oportunidade para homens e mulheres de forma igualitária”, finaliza.

Cláudia Tonielo, diretora de RH do Grupo Tonielo, informou que já em 2020, as questões ESG começaram a ganhar corpo no grupo com a criação do Conselho de Acionistas e elaboração de um código de ética com regras claras e transparentes, tanto para os dirigentes como para os colaboradores. Cláudia informou que o grupo trabalha na finalização do Relatório de Sustentabilidade (GRI), baseado nos conceitos e métricas ESG e também dos ODS.

Claudia também destacou a importância de desmistificar as informações, que muitas vezes, tratam o agronegócio como vilão nas questões ambientais. “O problema ambiental no Brasil não está no campo, e sim na falta de saneamento básico e de políticas públicas”, afirmou a diretora, lembrando que o setor cumpre uma rígida legislação e normas ambientais.

“Nós temos o certificado do programa RFS2 sobre padrão de combustível renovável, que é dado pela Agência Americana de Proteção Ambiental, para comercialização do nosso produto nos Estados Unidos e para outros países. Então eu vejo isso também como reconhecimento importante, mostrando aí que as nossas ações de sustentabilidade estão indo pelo caminho correto”, ressaltou Cláudia.

Mais diversidade, mais resultados

Livia Ignácio, gerente Brasil da Bonsucro, em sua apresentação destacou um estudo que aponta que as empresas que investem em diversidade costumam ser mais eficientes e entregam melhores resultados. “Busquei uma referência num estudo que foi publicado e que trouxe algumas estatísticas. As empresas diversas e plurais, seja na questão de raça, gênero, religião, enfim todos os níveis de diversidade, chegam a conclusões duas vezes mais rápido do que as outras, tomam decisões de negócio melhores em 87% dos casos e que entregam resultados 60% melhor”.

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Claudia Maria Tonielo

Para Lívia, no entanto, a motivação para adoção dessas ações, devem ocorrer de forma genuína. “Não se deve adotar porque está na moda, porque o concorrente está fazendo, ou porque vão deixar sua marca mais popular. Tem que haver um interesse genuíno por trás desta decisão, que remete a função social de uma empresa”, elucidou.

A gerente apresentou um estudo de 2019 sobre diversidade de gênero no conjunto de unidades agrícolas e industriais que estavam certificadas na época. “Esse estudo concluiu que no campo em média a gente está falando de quase 9% de presença de mulheres na força de trabalho e no caso das atividades industriais, esse número pode chegar a até 14% de presença da mulher. Lembrando que se tratam de números médios. Tem usinas que tem mais e algumas com menos”, observou.

O estudo também apontou desigualdades salariais entre homens e mulheres com a mesma função. Mas segundo Lívia, também mostrou uma ligeira evolução no setor de cana. “Também ficou bem nítido, na época, que o setor de cana está avançando, e evoluindo para se tornar mais diverso em gênero”, constatou.

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Livia Ignácio

Segundo ela para ajudar o setor nessa caminhada de ESG de uma forma geral e incluindo a diversidade, existe o padrão de certificação Bonsucro que é uma das referências para essa caminhada. “Ele é público e pode ser baixado por qualquer um sendo certificado ou não na plataforma da Bonsucro. Qualquer um pode usar essa estrutura como referência para trilhar as estratégias de sustentabilidade e como eu falei o Brasil hoje é o país com o maior número de usinas certificadas”, disse.

De acordo com ela, por conta desses números obtidos em 2019, a Bonsucro inclui um novo indicador para balizar a certificação determinando que os operadores de negócios e produtores de cana, devem contar em suas operações agrícolas e industriais com um mínimo de 15% de presença de mulheres na força de trabalho.

Lívia destacou ainda a importância das ações apresentadas pelas diretoras Adriana e Claudia em suas usinas e também citou como exemplo a Raízen, que recentemente fez uma captação de R$ 1,2 bilhões, sujeita ao atendimento de duas metas ESG. Uma delas é certificar as suas usinas com padrão Bonsucro (94% já são certificadas) e a outra meta é a diversidade de gênero chegar a 30% de mulheres em posições de liderança.

Segundo Livia, as finanças sustentáveis se tornam uma forma inteligente das empresas cumprirem a agenda ESG, ao mesmo tempo em que podem obter benefícios relevantes para os dias de hoje.

Assista ao webinr completo:

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