O Estado do Mato Grosso do Sul, que ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de etanol do país, sediou na sexta-feira-última, dia 10, um simpósio de Bioenergia, promovido pela FIEMS (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) e Udop (União Nacional da Bioenergia).
O evento foi realizado no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande, e reuniu produtores e fornecedores de cana-de-açúcar, representantes de instituições e lideranças políticas, com objetivo de discutir o futuro da bioenergia em um dos Estados mais promissores para a expansão do cultivo da matéria-prima no Brasil.
Na abertura do evento, os organizadores prestaram homenagem à deputada federal e ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, como forma de reconhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento do segmento no país.
A ex-ministra destacou a importância do setor bioenergético para a modernização da economia brasileira. “Há mais de 50 anos vocês estão fazendo a diferença no nosso país. É o maior programa de descarbonização do mundo, que teve início quando nem se falava em mudanças climáticas. O Brasil trabalhou o etanol devido a uma crise energética, e de lá para cá vocês ganharam relevância e souberam se reinventar”, afirmou Cristina.
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O então, secretário-adjunto de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Adamo Sampaio Mendes (ele foi exonerado na segunda-feira) falou da posição estratégica do país no mercado de energias renováveis. “Hoje a gente vive uma crise energética no mundo, e o Brasil está muito bem-posicionado graças ao etanol. Olhando para o futuro, precisamos aumentar a produção em mais 18 bilhões de litros até 2035, para termos mobilidade sustentável. O setor sucroenergético pode dar a resposta também para os veículos pesados, reduzindo em 30% a dependência do diesel com o biometano, associado à produção de etanol. Se tivéssemos substituído toda a gasolina por etanol teríamos a frota mais sustentável do mundo, e a gente pode fazer isso”, afirmou Mendes.
O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destacou a organização do setor sucroenergético. “É importante incentivar a produção de etanol para reduzir o uso de combustíveis fósseis, contribuindo com a agenda Carbono Neutro. Hoje, temos usinas que geram a própria energia renovável, com o bagaço da cana, e ajudam na preservação ambiental. O setor sucroenergético é exemplo de organização, da produção agrícola até a industrial, e pode crescer ainda mais”, disse.
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a importância do setor sucroenergético para o Estado, que conta atualmente com 17 indústrias produzindo bioenergia a partir da cana-de-açúcar. Na avaliação do líder empresarial, a expectativa em relação ao simpósio é positiva, pois a partir do encontro deverão ser elaboradas propostas para reduzir os custos da energia no futuro.
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Já o presidente da Biosul e da Udop, Amaury Pekelman, chamou a atenção para os investimentos dos últimos 20 anos que tornaram Mato Grosso do Sul o quarto maior produtor de etanol do Brasil. Para o representante dos produtores de bioenergia, o simpósio serve para projetar os desafios do futuro. “Vamos discutir os investimentos que serão feitos daqui para frente, projetando como será a matriz energética brasileira e como deve se comportar a indústria automobilística, para que a matriz brasileira, que é bastante limpa, continue forte”, disse.
Um dos representantes do setor automobilístico presente ao evento, Pablo Di Si, presidente da Volkswagen da América Latina, disse que a visão da empresa é ter uma mobilidade sustentável em todo mundo.
“E obviamente que colocamos uma ênfase muito grande em como essa energia é gerada. Nós temos um grande investimento em veículos elétricos, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e na China. Mas também temos um centro de biocombustíveis a partir do Brasil, reconhecendo a importância do etanol, do biometano, do biogás, enfim, todos produtos que saem do bagaço, da vinhaça e da torta de filtro”, disse.
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Segundo Di Si, reunido com o Conselho Mundial da Volkswagen avaliando estratégias e produtos para o futuro, percebeu-se que países ou até mesmo continentes caminham em diferentes velocidades rumo ao carro elétrico. “Índia, África, América Latina, deverão ir em velocidades diferentes. Nós precisamos consolidar essas plataformas e ter soluções inteligentes de baixo carbono e complementares. Porque o carro elétrico vem, mas também precisamos de um carro híbrido e um carro flex e que poderão ser exportados a tecnologia para os demais países”, concluiu Di Si.