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Comercializadoras partem para a produção

Muitas comercializadoras brasileiras de energia estão se tornando também produtoras, ao passo que vão entendendo o negócio. Várias das empresas associadas da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abracel) são hoje também investidoras e estão projetando ou construindo usinas ou Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs, com potência instalada de até 30 megawatts (MW).

O presidente da Abracel, Paulo Pedrosa, afirma que pelo menos cinco pequenas empresas, conhecidas no mercado como comercializadoras puras, tornaram-se investidoras e outras cinco se juntaram a parceiros para avançar na construção de novos empreendimentos. “Este movimento é muito intenso no setor hoje”, afirma Pedrosa.

O diretor de operações e trading da Companhia Operadora do Mercado Energético (Comex), Cláudio Monteiro da Costa, afirma que esta tendência iniciou com o cenário de r! estrição da oferta de energia desenhado no ano passado, antes da crise. “Procuramos projetos elegíveis de geração para não deixar faltar o produto para o consumidor”.

A Comex possui dois acionistas que vieram de grandes geradoras, a Duke e a Uruguaiana. Desde o ano passado, a empresa elabora três projetos de 30 MW a 40 MW, orçados em torno de R$ 100 milhões cada. Ainda no primeiro semestre pretende fechar o primeiro, uma térmica de biomassa a base do bagaço de cana-de-açúcar. Há três em estudo, dois em São Paulo e um em Goiás.Costa afirma que se não fosse a restrição e o encarecimento do crédito ocasionado pela crise, os projetos já estariam em fase final de estruturação. “Temos alguns parceiros estratégicos, multinacionais, e estamos analisando os projetos elegíveis, principalmente no setor sucroalcooleiro”, afirma o diretor.

A Comex é especialista na parte regulatória e de comercialização e os sócios entram com os financiamentos e colocam a ilha de energia em funcionamento. O diretor da empresa diz que o mercado livre é muito novo e a criação de parques geradores próprios será a solução quando o País voltar a crescer.

O presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado, estima que o crescimento da demanda por eletricidade este ano não chegará a 3%, devido a crise, mas ficará próximo disso uma vez que em fevereiro a demanda esboçou reação.

Machado conta que no último leilão de ajuste ocorrido em fevereiro, as comercializadoras, que até então só vendiam para o mercado livre, venderam bastante para o mercado regulado. “Acharam interessante e estão diversificando o portfólio de clientes”, diz.

De acordo com o presidente da câmara, desde 1995 a lei permitia que houvesse o mercado livre, mas ele só se estruturou a partir de 2004, quando a CCEE foi organizada e quando as obrigações dos consumidores foram definidas. “Naquele ! ano havia uma comercializadora no Brasil, hoje são 35. Em 2004 eram quatro consumidores livres, hoje são mais de 600 e mais de mil pontos de consumo”, afirma. “O segmento cresceu muito, as empresas começaram a crescer e ficaram robustas e é natural que se expandam e queiram participar da geração”, acrescenta.

Mais equilíbrio após a crise

Para Machado, a crise provocou um “respiro” que acomodou o mercado porque a oferta e a demanda estavam muito próximas. “O setor hoje está numa fase boa. O modelo de leilões foi muito bem sucedido num segmento complexo como o de energia”, afirma.

Problema a ser resolvido, segundo o presidente da CCEE, está na proibição dos consumidores livres de negociarem diretamente as sobras de energia comprada por contratos de longo prazo. Hoje, essas sobras são negociadas na CCEE e as transações são feitas com um único preço, o PLD, que muda toda semana. “Mas esperamos solução ainda neste semestre. O Ministério de Minas e Energia já sina! lizou com a liberação da venda”, afirma Machado.

Paulo Pedrosa, da Abracel, afirma que o setor está pronto para qualquer cenário. “Este cenário de sobra de energia, Vai ajudar o País a se recuperar, já que se está sobrando teoricamente o preço está mais baixo.” Segundo ele, a prática da devolução das sobras não é a forma mais eficiente, porque geralmente é liquidada pelo preço spot. “O ideal seria que consumidores livres e comercializadoras negociem diretamente”. Pedrosa também acredita num final breve para este impasse.

Para ele, neste momento de estresse, o mercado livre ajuda a equilibrar a demanda e a oferta. “É o comercializador que administra o escoamento da sobra de maneira eficiente e encontra alguém que compre pelo preço do momento.” Pedrosa diz que a Abracel recebeu oito novos associados nos últimos 12 meses e que há muitas empresas estudando também o ingresso no negócio de gás natural.

Para o presidente do Conselho Administrativo da Paradigma, Gerso! n Schmitt, empresa de Florianópolis especializada em grandes leilões virtuais e outras tecnologias, afirma que, neste momento de crise, os negócios dispararam. “Trabalhamos com soluções que trazem vantagens competitivas”. Este ano, Schmitt prevê crescimento de 15% a 20% sobre o faturamento bruto de R$ 6,5 milhões de 2008. No ano passado, a Paradigma foi a responsável pelo primeiro leilão eletrônico de energia elétrica da Colômbia, realizado em Medellín. Isso levou-a a firmar parceria internacional com a XM Compañía de Expertos en Mercados para distribuir ou utilizar a plataforma WBC Energy na América Latina.

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