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Combustível pressiona IPCA-15

O reajuste nos preços dos combustíveis mais que triplicou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – 15 (IPCA-15) em outubro. A taxa, de 0,16% em setembro, passou para 0,56% no mês. Gasolina, álcool e diesel foram responsáveis por 70% do índice, com contribuição de 0,38 ponto porcentual. Para economistas, a alta é pontual e a tendência é de nova queda no ritmo de aumento dos preços a partir de novembro.

O IPCA-15 é calculado com a mesma metodologia do IPCA, índice de referência para as metas de inflação do governo – a única diferença é o período de coleta. Enquanto o índice divulgado ontem é coletado a partir do dia 15 do mês anterior ao de referência da taxa, o IPCA abrange o mês cheio.

Carlos Thadeu de Freitas, economista do Ibmec e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), considera a alta do IPCA-15 um “ponto fora da curva” e ressalta que as elevações nos últimos índices de inflação divulgados não devem alterar a trajetória de queda dos juros básicos iniciada no mês passado.

Para ele, os combustíveis vão reduzir o impacto sobre a taxa a partir de agora e, até maio do próximo ano, a tendência é de desaceleração para a inflação aos consumidores.Thadeu de Freitas projeta que o IPCA cheio de outubro ficará em 0,60%, recuando para 0,52% em novembro e 0,40% em dezembro. Com isso, diz, “o momento para reduzir os juros é agora”. Ele acredita, porém, que o BC manterá os cortes mensais de 0,50 ponto porcentual, como ocorreu esta semana, até o final do ano.

A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, também considera que, apesar da alta de outubro, a inflação “segue bem comportada”. “As pressões dos preços administrados, responsáveis pelo elevado resultado este mês, são temporárias”, diz.

A variação nos preços dos combustíveis (7,11%) refletiu especialmente o aumento da gasolina (7,17%), o maior impacto individual (0,31 ponto), que corresponde a mais da metade da inflação de outubro. O álcool subiu 6,58% (contribuição de 0,06 ponto porcentual) e o diesel aumentou 9,59% (impacto de 0,01 ponto porcentual).

Os preços dos alimentos reduziram o ritmo de queda de -0,60% em setembro para -0,15% em outubro. Peixes (1,49%), carne (1,54%), café (2,19%) e frango (4,24%) foram destaques de alta. Continuaram em queda produtos como feijão carioca (-9,46%) e leite pasteurizado (-3,15%). Outros itens que ajudaram na alta do IPCA-15 do mês foram condomínio (0,81%), plano de saúde (0,95%), automóveis usados (1,02%), empregado doméstico (1,12%), taxa de água e esgoto (1,17%), e passagens aéreas (4,28%).

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