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Combustíveis levam IGP-M a 0,92%

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) foi de 0,92% em janeiro, a maior taxa mensal desde agosto de 2004, quando ficou em 1,22%. O grupo combustíveis, que pressionou os preços tanto no atacado como no varejo, foi responsável por cerca de 30% do total da taxa.

Em dezembro, o IGP-M havia registrado deflação de 0,01%. A inflação de janeiro recebeu influências sazonais, como o reajuste das mensalidades escolares, e temporárias, no caso da alta dos preços de commodities internacionais, como metais não-ferrosos e café. Outro fator que contribuiu para a inflação foi a recomposição de margens em setores como o de higiene e limpeza.

Para o coordenador de Análises de Preços da FGV, Salomão Quadros, a alta inflacionária de janeiro é pontual e não deve permanecer no mesmo patamar pelos próximos meses. “A tendência é que os preços das commodities se amenizem no mercado internacional. A alta das mensalidades é pontual. Mas a questão do álcool é imprevisível, porque o produto está sofrendo vários fatores de pressão ao mesmo tempo.”

O economista Carlos Thadeu de Freitas, do Grupo de Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), concorda. “O que houve foi um aumento forte de commodities somado à pressão dos combustíveis no IPA [Índice de Preços ao Atacado] industrial. No IPA agrícola, a pressão foi de produtos de origem vegetal, que já começam a perder fôlego. A expectativa é que o IGP-M recue e fique entre 0,30% e 0,40% em fevereiro.” Ele também prevê que os combustíveis continuem com alguma pressão nos próximos meses.

Para Jason Vieira, economista da GRC Visão, a inflação ainda pode ficar um pouco elevada em fevereiro, também por fatores pontuais, mas tende a arrefecer em março. Segundo ele, a taxa de inflação não deve afetar a trajetória de queda dos juros promovida pelo Banco Central.

No mês, os preços no atacado foram decisivos para a alta. O IPA, com peso de 60% no IGP-M, variou 1,10%, acima da taxa negativa de -0,27% em dezembro.

Os alimentos processados subiram 1,99% no atacado. O açúcar refinado, por exemplo, aumentou 14,56%, ante 3,17% em dezembro. A alta tem relação com os preços no mercado internacional, que estão no maior patamar desde o início dos anos 1980. Em parte, o fato explica também a variação de 7,24% no álcool combustível. A gasolina subiu 1,39%.

“A tentativa do governo de fazer acordo com os usineiros não terá efeito, porque o preço do álcool está sendo pressionado por questões de oferta e demanda”, disse Vieira, da GRC Visão.

Além de uma estiagem que tornou a cana-de-açúcar mais seca e diminuiu a oferta interna do álcool, a produção foi quase toda exportada por causa dos preços favoráveis da cadeia sucroalcooleira no mercado externo.

Outros combustíveis registraram elevações nos preços. Combustíveis e lubrificantes para a produção subiram 2,09%. O óleo combustível, que tem reajustes de acordo com as cotações internacionais do petróleo, subiu 8,38%, após ter registrado -7,92% em dezembro.

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que tem peso de 30% no IGP-M, subiu 0,70%, ante 0,52% em dezembro. A principal influência foi a do item educação, leitura e recreação (2,41%), que costuma aumentar neste mês por causa dos reajustes das mensalidades escolares.

O INCC, com menos influência sobre o índice, fechou janeiro com 0,24%, abaixo do 0,38% registrado em dezembro.

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