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Com o fim da rodada, País deve retaliar EUA

Para Pedro de Camargo Neto, ex-secretário da Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, que foi o idealizador dos painéis do açúcar e algodão, chegou a hora de o Brasil endurecer com os Estados Unidos. A partir de um painel aberto pelo Brasil, os Estados Unidos foram condenados em 2005 pela Organização Mundial do Comércio (OMC) a eliminar os subsídios ao algodão – mas não cumpriram a determinação até hoje. O Brasil tem obrigação de engrossar com os Estados Unidos e exigir o cumprimento da determinação da OMC, diz Camargo, que é presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de carne Suína (Abipecs). Segundo ele, os Estados Unidos vinham insinuando que iriam reduzir os subsídios agrícolas em Doha. O País tem de retaliar, fazer alguma coisa para os Estados Unidos cumprirem, diz. O governo Lula não levou a sério a vitória do algodão. Em maio terminou o prazo para a União Européia cumprir a determinação da OMC e reformar o sistema de subsídios ao açúcar, resultado de outro painel aberto pelo Brasil. Mas Camargo diz que os europeus praticamente já cumpriram as determinações.

Especialistas acreditam que os painéis na OMC vão se multiplicar, porque não haverá esperança de acabar com subsídios nas negociações multilaterais.

Para Antonio Donizetti Beraldo, coordenador de Comércio Exterior da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, haveria espaço para abrir painéis contra subsídios à soja, arroz e produtos lácteos. Segundo ele, os produtores estão desanimados com as disputas na OMC porque ganhamos, mas não levamos. O Brasil tem sido tímido em suas exigências, precisa começar a retaliar.

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