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Com etanol, consumo de milho nos EUA dispara e pressiona preços

O uso de milho para ração animal, fabricação de etanol e exportação nos Estados Unidos deve superar a safra do país em 1 bilhão de bushels no ano que vem, o que reduzirá os estoques pela metade e levará ao maior preço pago aos produtores em uma década, disse o governo na quinta-feira.

“Isso será visto como um prenúncio da iminente escassez de milho”, disse o consultor John Schnittker.

Com a colheita de milho a todo vapor, o Departamento de Agricultura dos EUA prevê a colheita de 10,9 bilhões de bushels (277 milhões de toneladas), a terceira maior da história, mas 209 milhões de bushels aquém do previsto em setembro, devido à seca e à redução de 1 por cento na área cultivada. O consumo foi estipulado em 11,9 bilhões de bushels.

Os estoques de milho devem encolher para 996 milhões de bushels (25,3 milhões de toneladas) antes da safra seguinte, o segundo menor estoque em uma década.

“Estoques de milho abaixo de 1 bilhão de bushels criam uma nova dinâmica no mercado”, disse Jerry Gidel, analista da North American Risk Management. “Esta situação do etanol é substancial e será ainda mais dinâmica no ano que vem.”

Um quinto da safra de milho dos EUA será usada para a fabricação do álcool combustível, quantidade equivalente às das exportações. Cerca de 6,1 bilhões de bushels (56 por cento) vão para a produção de ração animal.

Com a redução dos estoques até a próxima safra, os preços médios ao produtor devem ficar em 2,60 dólares por bushel, o maior desde 1996/97.

O aumento do preço do milho gera preocupações para os produtores de carne, porcos e frangos. A produção de etanol está crescendo rapidamente, o que cria uma corrida aos produtores do milho, usado nos EUA como matéria-prima do álcool.

O Departamento de Agricultura dos EUA também previu uma safra recorde de soja (3,19 bilhões de bushels, ou 86,8 milhões de toneladas), graças às chuvas benéficas do verão norte-americano.

Segundo essas estimativas, os EUA devem produzir 20,66 milhões de fardos de algodão (com 218 quilos cada), terceiro melhor resultado da história. A safra de laranja da Flórida deve ficar em 135 milhões de caixas (40,8 quilos cada), a menor em 17 anos.

“Obviamente, o milho é a grande notícia aqui”, disse James Barnett, analista da Man Global Research, de Chicago, que também previu aumento no preço do trigo — “a questão é quanto,” afirmou.

Os produtores de trigo devem receber nesta safra 4,35 dólares por bushel, maior valor desde 1995/96, devido à piora nas condições nos principais países exportadores de trigo. O Departamento de Agricultura disse que 925 milhões de bushels(25,2 milhões de toneladas) do trigo norte-americano serão exportadas durante 2006/07, crescimento de 25 milhões de bushels em relação à previsão de setembro.

A Austrália deve colher apenas 11 milhões de toneladas de trigo, metade da sua safra anterior, e exportar 11,5 milhões de toneladas, 4,5 milhões a menos que na safra anterior. Também há previsão de safras menores na China, no Brasil e na União Européia.

Com a safra recorde, o estoque da soja norte-americana deve chegar pela primeira vez a 555 milhões de bushels (15,1 milhões de toneladas).

“Chuvas oportunas e temperaturas mais baixas melhoraram as expectativas da colheita (de soja) no centro e no norte do Cinturão do Milho (principal área de produção dos EUA)”, disse o Departamento de Agricultura, segundo o qual 30,15 milhões de hectares de soja serão colhidos, 1 por cento a mais do que o previsto.

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