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Com demanda em alta, o etanol exige política clara de crédito

Desde 2003, quando começou no Brasil a venda dos veículos flex, o etanol hidratado aumentou sua importância entre as fontes de energia utilizadas no setor de transportes.

A participação do combustível renovável foi a que mais aumentou entre 2003 e 2009, crescendo 408%, bem acima da taxa de seus concorrentes.

No mesmo período, o consumo de gasolina C cresceu 17% e o de Gás Natural Veicular (GNV) aumentou 58%, o que levou a uma expansão de 154% na frota de veículos convertidos para GNV.

Se a atual tendência de crescimento das vendas de combustíveis for mantida, considerando a taxa de aumento anual verificada entre 2003 e 2009 (de 2,6% para gasolina C e de 31,1% para o etanol), em 2013 o consumo deste irá superar o daquela.

Para que isso ocorra sem causar sobressaltos tanto para os produtores como para os consumidores, é preciso uma política clara sobre crédito para o etanol.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social obteve autorização do CMN, em julho, para destinar uma nova linha de financiamento para a formação de estoques de etanol visando reduzir a volatilidade dos preços do combustível no período de entressafras, que vai de janeiro a abril.

Estarão disponíveis até R$ 2,4 bilhões para a produção da safra de cana-de-açúcar 2010/11, por meio de outras instituições financeiras. Esse crédito poderá financiar a formação de estoque de até 4 bilhões de litros de etanol.

É importante lembrar que o BNDES já disponibilizou linha de crédito similar, de R$ 2,3 bilhões, para a produção da safra de 2009/10, mas fracassou ao tentar formar estoques de etanol.

Enquanto o preço da gasolina está sujeito às variações do do petróleo e às políticas de preço da Petrobras, o do etanol é fixado pelos produtores, levando-se em consideração o preço da gasolina e, principalmente, o volume de etanol produzido, muitas vezes sujeito a problemas climáticos.

Em fevereiro deste ano, pela primeira vez desde a introdução dos veículos flex em 2003, o etanol perdeu competitividade em todos os Estados brasileiros, à exceção do de Mato Grosso. Com isso, o consumidor teve de substituir o etanol pela gasolina. Na esteira da crise mundial de 2008, os bancos foram muito cautelosos para emprestar recursos para o setor sucroalcooleiro, repassando menos de 10% dos recursos disponibilizados pelo banco estatal.

Agora o BNDES reduziu os juros do financiamento. Para a safra 2009/10, a taxa foi de 11,25% ao ano, considerada alta pelos usineiros. Já para 2010/11, a taxa será de 9%.

Com juros menores e considerando um cenário financeiro mais otimista após a crise financeira, os produtores esperam que a linha de crédito do BNDES para o etanol atinja seu objetivo precípuo. Os consumidores também. A conferir.

ADRIANO PIRES é diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

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