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Com Bush, Lula volta a cobrar fim dos subsídios

Apesar de ambos os presidentes terem feito preâmbulos otimistas em relação às negociações comerciais dos dois países em torno da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush não puderam ou não quiseram dar detalhes de avanços nas discussões. O brasileiro chegou a dizer, entre risos, que saía da reunião “sem nada”.

“Essa foi a reunião mais produtiva com os EUA”, disse Lula. “Se alguém perguntar para mim, “bom, o que você está levando para o Brasil?”, certamente eu direi “nada”. Agora certamente os acordos que nós assinamos e que poderemos assinar daqui para a frente podem garantir definitivamente que as relações entre Estados Unidos e Brasil não só são necessárias como estratégicas.”

Lula e Bush se encontraram ontem à tarde em Camp David, o retiro presidencial norte-americano nas montanhas do Estado de Maryland, vizinho a Washington. O brasileiro é o primeiro líder latino-americano a ser levado ao local em seis anos da gestão Bush.

Foi recebido por Bush e sua mulher, Laura, e os dois seguiram em direção à reunião de trabalho num carrinho de golfe, que leva de brincadeira a placa “Golfcart One”, em referência ao nome dado à areonave presidencial dos EUA, AirForce One.

Tarifa

Já Lula voltaria a bater na tecla da queda da tarifa de importação que os EUA cobram do etanol brasileiro, de R$ 0,30 por litro. Depois de afirmar que os subsídios encarecem os alimentos e desestimulam a produção, pediu: “É preciso eliminar as barreiras para o etanol, para fazer uma verdadeira commodity.”

Apesar do tom informal e de ser a sétima vez que ambos se encontram, a impressão dada no encontro que fizeram com a imprensa no meio da tarde é que pouco se avançou.

“Temos nas mãos o poder de fazer coisas, não faremos se não quisermos”, disse Lula. Indagados sobre se tinham um “plano B” caso as negociações comerciais – Rodada Doha – não avançassem, os dois descartaram a hipótese.

“Acho que não existe “plano B”. Ou é “plano A” ou não tem acordo, e se não tiver acordo certamente não teremos vencedores nem perdedores, todos serão perdedores”, disse Lula.

Ao seu lado, Bush concordou, sorrindo. “Eu sou um homem de “planos A”, também, já me perguntaram bastante sobre “planos B”, afirmou, referindo-se ao constante ataque que sofre para apresentar uma alternativa à sua condução para a Guerra do Iraque. “Os EUA tem o desejo genuíno de que [a Rodada Doda”] seja bem-sucedida.” Mas alertaria: “Que nossos parceiros não esperem e nós não esperamos ter de carregar os ônus todos sozinhos”.

Especificamente sobre o Brasil, pediria maior acesso aos mercados. Depois de dizer que o país era um “forte exportador”, afirmou que “é do interesse do Brasil abrir acesso aos mercados”. Para Bush, “o mundo tem uma tendência isolacionista e protecionista. “Isso faz o mundo instável.”

Outro ponto de discórdia entre os dois, segundo Lula, foi a pretensão do Brasil de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. “É onde temos mais divergência, mas, em política, se não tiver divergência, não tem graça.” A seu lado, Bush ria.

Na ocasião, ambos os governos soltaram também comunicado em que indicam quais os quatro países serão os primeiros destinos do investimento previsto no memorando de biocombustíveis assinado pelos dois presidentes em São Paulo no começo do mês. Além do Haiti, que já era dado como certo, foram confirmados República Dominicana, São Cristóvão e Nevis e El Salvador.

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