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Com baixo custo, sol aquece a água

Levar água quente e em grande quantidade para o homem do campo. Esse é o objetivo do projeto aquecedor solar de baixo custo (ASBC), idealizado em 1992 e aperfeiçoado pela organização não-governamental Sociedade do Sol (SoSol). A ONG está instalada, desde janeiro de 1999, no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), na USP. Para aprimorar o projeto inicial e chegar ao equipamento que se tem hoje, a equipe responsável afirma ter reinventado a estrutura de funcionamento de um aquecedor solar convencional. A diferença, no entanto, é que o ASBC pode ser construído em casa. Segundo o responsável por pesquisa e desenvolvimento da ONG, Augustin Woelz, que também é coordenador do projeto, o protótipo pôde ser aperfeiçoado graças à entrada da organização no Cietec e está em constante aprimoramento. “O Cietec possibilitou o andamento do projeto”, explica Woelz.

COMO FUNCIONA

Para facilitar a execução e a montagem do projeto do aquecedor solar de baixo custo, o material necessário é praticamente o mesmo utilizado na construção civil, facilmente encontrado em lojas de materiais de construção. O sistema é constituído, basicamente, por um reservatório, um coletor (placa), um chuveiro elétrico com controlador de potência (ou qualquer outro ponto de uso) e um sistema geral de tubos. O coletor, colocado em direção ao norte e devidamente pintado de preto, é uma placa de forro de PVC, com tamanho padrão: 62 centímetros por 125 centímetros.

O funcionamento do aquecedor começa quando a energia solar incide sobre a superfície escura dessa placa (coletor) e, absorvida, se transforma em calor e aquece a água que se encontra no seu interior. Como a água aquecida tem sua densidade reduzida (fica mais leve), ela começa a circular. “Para que esse processo seja possível, o reservatório deve estar mais alto que os coletores”, recomenda Woelz. Essa circulação é contínua, enquanto houver boa irradiação solar ou até que toda a água do circuito atinja a mesma temperatura. A água aquecida fica, portanto, armazenada em um reservatório com isolamento térmico. A tubulação que interliga coletores, reservatório e chuveiro elétrico, pode ser montada com tubos de PVC.

Segundo cálculos de Woelz, um aquecedor com capacidade de mil litros, que é o mínimo de água quente que um agricultor vai utilizar na propriedade, vai precisar de dez coletores solares. Portanto, para montar o equipamento no campo, será necessária, ainda, uma caixa dágua com capacidade de mil litros e canos de PVC, para integrar o conjunto de placas à caixa. A cobertura da caixa deve ser feita com material isolante para reter o calor. A água demora cerca de cinco horas para esquentar, dependendo das condições climáticas, e, segundo Woelz, é possível que a água permaneça quente durante as próximas 19 horas. “É difícil tentar resumir o funcionamento do aquecedor, porque o manual, apesar de simples, é muito bem detalhado e explicado. Mas se ele for seguido, os resultados serão satisfatórios”, garante.

ECONOMIA

O custo médio para executar o aquecedor solar, com capacidade de mil litros, gira em torno de R$ 750: cada coletor custa entre R$ 25 e R$ 30; uma caixa com capacidade de mil litros custa cerca de R$ 250; e entre canos, peças, acessórios e componentes, gastam-se mais R$ 200, em média. “Se o produtor fosse aquecer essa mesma quantidade de água com energia elétrica, o valor gasto pagaria a instalação do ASBC em até três meses”, garante Woelz. Segundo cálculos da ONG, quem for utilizar o aquecedor solar no campo irá utilizar entre mil e 5 mil litros de água quente, de acordo com o tamanho da propriedade e de como essa água será utilizada. Woelz calcula que, para aquecer mil litros de água por dia com energia solar, a despesa é no mínimo 30 vezes menor do que com energia elétrica.

Outra vantagem do ASBC é que não há a necessidade da contratação de um técnico para instalar o sistema. Woelz afirma que qualquer pessoa, seguindo o manual de instruções, pode montar o aquecedor. “Não é preciso nenhum conhecimento técnico e o manual é muito bem explicado.” O manual completo do projeto, com o passo-a-passo da montagem e instalação e a lista de todo o material necessário, está disponível, gratuitamente, na internet. A ONG também esclarece dúvidas por e-mail, telefone ou carta, além de realizar cursos rápidos sobre a montagem do sistema. “São cursos de um dia, para que todos possam tirar dúvidas.”

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