Usinas

Colômbia se aproxima do Brasil para descarbonizar sua frota com etanol

Presidente da federação colombiana de governadores quer usar experiência brasileira com biocombustível para incentivar expansão da área e da produção em seu país

Didier Tavera Amado (E), diretor executivo da Federação Nacional de Governadores da Colômbia Roberto Jairo Jaramillo Cardenas (C), presidente da Federação Nacional de Governadores da Colômbia Evandro Gussi (D), presidente da UNICA
Didier Tavera Amado (E), diretor executivo da Federação Nacional de Governadores da Colômbia Roberto Jairo Jaramillo Cardenas (C), presidente da Federação Nacional de Governadores da Colômbia Evandro Gussi (D), presidente da UNICA

A Colômbia quer usar o modelo brasileiro de adição de etanol à gasolina e também do uso direto nos tanques dos automóveis para alavancar a produção de cana-de-açúcar no país.

Os colombianos já têm a experiência em adicionar o biocombustível à gasolina e chegaram a adotar o E10 até 2021, com o objetivo de reduzir os níveis de poluição nas grandes cidades e contribuir para os compromissos de emissão da Colômbia.

Em reunião com representantes das indústrias brasileiras, o presidente da Federação Nacional de Governadores da Colômbia, Roberto Jairo Jaramillo Cardenas, disse ter ficado impactado com a experiência de 50 anos do Brasil com o etanol.

Ele disse que volta ao seu país com a missão de incentivar as regiões aptas a ampliar o cultivo de cana-de-açúcar. “Isso pode ser uma solução em nível ambiental, social e econômico para muitas famílias colombianas”, disse Cardenas.

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“Mostramos aos representantes do governo colombiano o potencial dos biocombustíveis para a descarbonização do setor de transportes com o etanol. É uma rota que já existe, é conhecida e que certamente estará no caminho das células de hidrogênio, que é considerado o combustível do futuro pelas montadoras”, disse Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA). 

Dados do próprio governo colombiano mostram que o interesse de Cardenas no setor pode surtir efeitos promissores. Com apenas 15 usinas instaladas no país, a agroindústria da cana é responsável por produzir, sozinha, 0,6% do PIB nacional.

Os atuais 240 mil hectares plantados com cana na Colômbia levaram às usinas pouco mais de 23 milhões de toneladas de matéria-prima em 2022. Mas, estudos do Ministério de Minas e Energia do país indicam a disponibilidade de 1,5 milhão de hectares aptos a receber as lavouras.

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A Colômbia tem ensaiado uma retomada na produção de cana nos últimos quatro anos, depois de ter alcançado o recorde de processamento em 2018. Contudo, o país sofreu por dois anos consecutivos com o excesso de chuvas provocado pela La Niña, o que tem mantido o volume relativamente estável desde 2019.

O clima adverso nos últimos anos levou o país a reduzir sua produção de etanol. No ano passado foram pouco mais de 347 milhões de litros, volume 12,5% inferior ao ano anterior. Em 2023, a produção alcançou 145 milhões de litros de janeiro a maio, um corte de 7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o menor volume, a política de adição de etanol à gasolina sofreu mudanças. Em 2016, a Colômbia deu início à política de adição de 6% de etanol à gasolina. A mistura subiu para 8% em 2017, alcançou 10% a partir de 2018 e se manteve nesse patamar até meados de 2021.

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Em abril daquele ano, no entanto, o governo colombiano criou uma resolução reduzindo o mandato na mistura para 4%, em meio aos problemas climáticos, aumento das importações e necessidade política de controlar a inflação. A medida acabou por desencorajar novos investimentos na produção.

Agora, a expectativa é que o E4 seja mantido até novembro de 2023 e suba para 6% em dezembro. Os planos do governo indicam que a mistura de 8% seja feita a partir de janeiro de 2024, para finalmente voltar aos 10% em fevereiro do ano que vem.

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