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Colheita de recordes

Mesmo com todos os percalços, e não foram poucos, em 2005 o agronegócio brasileiro exportou o valor recorde de US$ 43, 6 bilhões, 11, 8% a mais que no ano anterior. A estiagem prolongada provocou a quebra de quase 20 milhões de toneladas da safra de grãos, principalmente nos estados da região Sul; a desvalorização de 13, 4% registrada pelo dólar durante o ano reduziu a competitividade das exportações brasileiras; a partir de outubro, a pecuária deparou-se com um grave problema com o registro dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Mesmo assim, a cifra foi equivalente a 37% dos embarques totais do País.

No ano passado, o setor registrou superávit recorde de US$ 38, 4 bilhões, com expansão de 12, 6% ante o saldo de 2004. Carnes, café e açúcar e álcool tiveram importante contribuição para esse desempenho, enquanto a receita de embarques do complexo soja recuou 5, 7%, para US$ 9, 476 bilhões em 2005, devido à retração de 15% nos preços.

As exportações do complexo carnes somaram US$ 8, 066 bilhões em 2005, com crescimento de 31, 19% em relação a 2004. Os embarques de carne bovina do maior exportador mundial do segmento registraram receita e volume recordes em 2005, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), apesar dos embargos totais ou parciais à carne brasileira anunciados por 53 países. As divisas de embarque tiveram alta de 22, 4%, para US$ 3, 149 bilhões, enquanto o volume exportado aumentou 17, 35%, para 2, 3 milhões de toneladas.

“A aftosa gerou perdas de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões”, diz o diretor- executivo da Abiec, Antonio Camardelli, lembrando que a entidade estimou, no início de 2005, que os embarques chegariam a US$ 3, 4 bilhões. Ele destaca que o volume recorde exportado resultou do empenho do setor para compensar a perda de rentabilidade decorrente da desvalorização do dólar. Outra forma de compensação foi o aumento de 5, 01% no preço médio da tonelada de carne “in natura”, para US$ 2, 228 mil, e de 2, 33% na carne industrializada, para US$ 2, 183 mil.

Os embarques de carne suína atingiram a receita recorde de US$ 1, 167 bilhão em 2005, 50, 36% maior que a de 2004, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). O volume exportado somou 625, 075 mil toneladas, 22, 62% a mais que o do ano anterior. “Aumentamos nossas exportações para a Rússia e exportamos para novos mercados como Japão e Estados Unidos”, diz o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto. Em 2005, importantes compradores da carne suína brasileira, como Rússia, África do Sul, Argentina e Cingapura, suspenderam total ou parcialmente as importações do produto. O Brasil é o quarto maior produtore exportador mundial de carne suína.

Em 2005, as exportações brasileiras de café (verde e solúvel) atingiram o maior valor desde 1997 e o segundo maior em 25 anos – US$ 2, 908 bilhões. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a receita aumentou 43, 8% em comparação com 2004. A alta baseou-se no aumento de 46, 7% no preço médio, para US$ 11, 41 por saca. O volume caiu 1, 3%, para 26, 109 mil sacas. “Havia menos café disponível para exportação, pois a safra 2005/06 foi pequena, com 33 milhões de sacas”, diz o diretor-executivo do Cecafé, Guilherme Braga.

Braga destaca que, em 2005, embora a receita de embarques tenha crescido 43, 8% em dólar, o aumento em reais foi de 19, 2%, para R$ 7, 066 bilhões, devido à desvalorização da moeda americana. Segundo o Cecafé, a receita de embarques deve ter expansão de 9, 35% este ano, para US$ 3, 18 bilhões. A expectativa é que o volume exportado aumente 3, 7%, para 27, 1 milhões de sacas e que os preços internacionais do produto mantenham a tendência de alta no primeiro semestre e de estabilidade na segunda metade do ano.

Os embarques de açúcar e álcool aumentaram 51, 6%, para US$ 4, 7 bilhões. As exportações de açúcar aumentaram 48, 29%, para US$ 3, 915 bilhões, com alta de 15, 11% no volume exportado, para 18, 14 milhões de toneladas e de 28, 8% no preço da tonelada embarcada. A receita de embarques de álcool cresceu 53, 8%, para US$ 765, 529 milhões.

No ano passado, as exportações brasileiras de máquinas agrícolas superaram as vendas internas em volume pela primeira vez na história, segundo a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea), que realiza o levantamento desde 1960. O Brasil embarcou 30, 706 mil unidades, equivalentes a 56, 9% das vendas totais, enquanto o mercado interno adquiriu 23, 222 mil unidades, correspondentes a 43, 1%.

As vendas externas tiveram participação maior devido à retração de 38, 5% na comercialização interna do segmento, de acordo com o vice-presidente de máquinas agrícolas da Anfavea, Persio Pastre. A redução dos investimentos em máquinas agrícolas é resultado da quebra de safra, da desvalorização dos preços internacionais e da queda do dólar. As exportações recuaram 1% em volume em relação a 2004. Em receita, porém, obteve o valor recorde de US$ 2, 027 bilhões, 17, 4% acima de 2004.

As vendas internas de tratores somaram 17, 729 mil unidades no ano, com queda de 38, 4% e as de colheitadeiras tiveram recuo de 72, 6%, para 1, 534 mil unidades. Os tratores foram menos afetados pela crise agrícola, por serem utilizados nas lavouras com desempenho melhor durante o ano. Estima-se que o PIB do agronegócio brasileiro tenha encolhido 3, 4%, em 2005, para R$ 515, 9 bilhões. Se confirmada a projeção, feita pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), ligado à USP, o resultado será o pior da série histórica iniciada em 1995. O faturamento bruto da produção de trigo teve queda de 59%, para R$ 984 milhões; do milho, 26, 1%, para R$ 10, 2 bilhões; e do arroz, 25%, para R$ 6, 6 bilhões. Já as lavouras de laranja, cana-de-açúcar, café e o segmento de suínos faturaram em conjunto 7, 2% a mais que em 2004, chegando a R$ 32, 8 bilhões.

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