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Colheita de cana sem desperdício

Com uma produção de 24 mil hectares de cana, a Usina São João, em Araras (SP), há 20 anos faz colheita mecanizada. Segundo o gerente responsável pela área, Humberto Carrara, não há como evitar desperdícios de forma isolada. É preciso, segundo ele, integrar todo o sistema.

“Amáquina, por exemplo, é apenas uma parte da colheita, mas existem outros fatores importantes que não podem deixar de serem observados”, afirma. Ele diz que o planejamento da colheita começa no plantio, quando o produtor faz a opção pela variedade e o espaçamento a ser utilizado. “Uma das perdas mais freqüentes ocorre quando o plantio é muito profundo e fica um pedaço grande da cana para dentro da terra, onde a colhedora não consegue cortar”, comenta.

“Pode parecer pouco, mas se você pensar no que representam dez centímetros em cada pé de cana, é uma quantidade enorme que deixa de ser colhida.” De suma importância, explica, é preparar o operador das colhedoras, que pode ser o diferencial para colher melhor. “É preciso treinamento, experiência e motivação”, diz. Ele conta que seus operadores recebem bonificações por diminuição nas perdas, que podem representar até 10% do salário. “Caso eles não trabalhem bem, porém, podem perder o prêmio e ficar apenas com os seus vencimentos.”

Na opinião do professor Caetano Rípoli, titular do Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), é comum nas usinas, a exemplo do que ocorre na São João, os operadores serem co-responsáveis pela manutenção das máquinas quando estão fora da época de colheita. “Essa é uma forma de eles entenderem as conseqüências de uma colheita mal feita”, pondera.

Rípoli comenta que um desperdício muito comum é quando as máquinas ficam paradas por falta de caminhões para transportar a cana colhida. “Existe uma logística muito complexa na colheita”, diz. “Há máquinas colhendo a dois quilômetros da usina e outras a mais de 50 quilômetros”, explica. Segundo ele, se a distribuição dos caminhões não for feita de forma adequada, certamente haverá máquinas paradas, o que pode ser qualificado como um grande desperdício.

De acordo com o gerente da Usina São João, é possível instalar acessórios que enviam, pelo rádio, o status das operações, podendo assim programar a logística de forma adequada. “Se uma máquina pára de trabalhar, ela manda um relatório, facilitando o contato com o operador para saber o que está ocorrendo”, afirma.

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