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Colheita de cana deverá ser recorde

A produção de cana-de-açúcar deve bater recorde na safra 2004/05, mantendo o Brasil na posição de maior produtor de álcool e exportador mundial de açúcar. As previsões situam-se entre 386 milhões e 389 milhões de toneladas, o que representa um aumento de até 8,2% sobre as 359,6 milhões de toneladas processadas em 2003/04.

No Centro-Sul, maior região produtora, a expectativa para a safra 2004/05 (maio-abril) é de que sejam colhidas 330 milhões de toneladas de cana, com a produção de 22,6 milhões de toneladas de açúcar e 13,6 bilhões de litros de álcool (7,3 bilhões de anidro e 6,3 bilhões de hidratado), de acordo com os últimos dados da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Em 2003/04, quando foram moídas 299,4 milhões de toneladas, a produção de açúcar totalizou 20,4 milhões de toneladas e a de álcool, 13,1 bilhões de litros.

Embora maior que a anterior, o aproveitamento desta safra no Centro-Sul foi prejudicado pelo excesso de chuvas que ocorreram em São Paulo, principal produtor do país, Paraná e Mato Grosso do Sul, logo no início da colheita – concentrada entre os meses de maio e novembro. Com isso, o corte da cana teve de ser interrompido e atrasou, o que comprometeu a produtividade dos canaviais, acarretando aumento dos custos de produção nas usinas e destilarias, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor- técnico da Unica.

“Até novembro, foram moídas cerca de 297 milhões de toneladas de cana (90% da safra prevista), mas, a partir de agora, não se sabe quanto será possível moer até meados de dezembro, porque recomeçou o período chuvoso”, afirma. Se as chuvas voltarem a atrasar os trabalhos nos canaviais, acrescenta Rodrigues, os produtores terão de antecipar o corte na safra 2005/06 para o final de março e começo de abril, a exemplo do que aconteceu em 2003/04. “O compromisso do setor é garantir o abastecimento do mercado até o início da próxima safra”, enfatiza.

Ele lembra que, em 2003/04, a moagem de cana entre dezembro e abril alcançou 13,7 milhões de toneladas no Centro-Sul, superando o volume normalmente processado nesse período – de 8 milhões a 9 milhões de toneladas. “Com o atraso da safra, e dependendo do clima, a moagem que ocorrer de agora em diante talvez supere essa média”, prevê.

Em razão das condições climáticas desfavoráveis, a obtenção de açúcar e álcool por tonelada de cana moída tende a ser menor nesta safra. Os números da Unica, revistos na última semana de novembro, indicam um rendimento industrial nas usinas e destilarias do Centro-Sul de 145,4 quilos de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana processada, ante o recorde de 149,7 quilos/tonelada obtidos na safra 2003/04, quando o período seco, no fim da colheita, melhorou a qualidade da matéria-prima. Na primeira estimativa desta safra, em março, o total de ATR era de148,5 quilos/tonelada e, em agosto, chegou a ser previsto em 142 quilos/tonelada.

Como o volume de cana a ser colhida deverá aumentar, a oferta total de ATR estimada pela Unica para esta safra no Centro-Sul também é superior ao da passada. Estão previstas 48 milhões de toneladas, mais que as 47,5 milhões de toneladas previstas em março e 7,4% acima das 44,7 milhões de toneladas de 2003/04.

Outro dado que indica o baixo rendimento desta safra refere-se ao volume de álcool obtido por tonelada de cana. Nas contas da Unica: 41,17 litros, ou 5,7% menos que os 43,66 litros registrados na anterior. Já a quantidade de açúcar deve se manter praticamente estável, ao redor 68 quilos por tonelada processada.

O diretor-técnico da Unica prevê que a produtividade média dos canaviais do Centro-Sul fique em 85,5 toneladas de cana por hectare colhido, ante 84,5 toneladas da safra passada. Mas, segundo seus cálculos, a oferta de ATR deve ser 1,8% menor, passando de 12,65 toneladas/hectare para 12,42 toneladas/hectare.

Com o aumento da demanda pelo combustível em virtude dos reajustes nos preços da gasolina, aliado ao salto das exportações, o estoque de passagem de álcool para a safra 2005/06, em 1° de maio próximo, deverá ser de apenas 400 milhões de litros no Centro-Sul – o equivalente ao consumo de 10 dias – ou um terço abaixo do estoque de segurança (600 milhões de litros). A Unica decidiu alertar usinas e destilarias a anteciparem em pelo menos um mês – de maio para abril – o corte de cana.

Alguns analistas estimam que, com a antecipação da moagem, os estoques de álcool no Centro-Sul poderiam subir para 900 milhões de litros no começo da próxima safra. “Neste cenário, não prevemos dificuldade no abastecimento do combustível para o mercado interno”, diz Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria.

A Datagro prevê que a safra 2005/06 terá um viés mais “alcooleiro”, ao contrário da atual – 51,3% do total de ATR deve ser destinado à fabricação de açúcar. No Centro-Sul, o mix de produção deve ficar em 49,7% (açúcar) e 50,3% (álcool).

“Os produtores consideram o álcool estratégico e, por isso, deverão priorizar sua produção”, avalia Nastari. Segundo ele, como já acontece este ano, a tendência é de que a demanda por álcool combustível no mercado interno se mantenha aquecida, entre outros fatores, em razão do crescimento das vendas de veículos flex fuel e do aumento das exportações.

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