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Colheita da cana faz preço do álcool cair

O avanço da colheita da cana-de-açúcar, a falta de capital de giro nas usinas e o acirramento da concorrência entre os postos de combustíveis derrubaram o preço do álcool em Curitiba. Na semana passada, o combustível estava sendo vendido, em média, a R$ 1,231 por litro em 107 postos pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O valor é 2% inferior ao da semana anterior e 11% mais baixo que o cobrado quatro semanas antes.

Como a gasolina tem 25% de álcool, o preço médio do derivado de petróleo – que havia subido 3,7% em abril, em razão do aumento do ICMS – também caiu, ficando cerca de 4% mais barato na média de maio. Levantamento informal feito ontem pela Gazeta do Povo sugere que os preços do álcool continuam em queda. O valor médio apurado em nove postos de diferentes bairros da capital foi de R$ 1,112, com mínimo de R$ 1,04 e máximo de R$ 1,289.

Na méd ia de maio, o preço apontado pela ANP é de R$ 1,267 por litro, com baixa de 9% em relação a abril. A queda reflete, principalmente, o recuo nos valores pagos aos usineiros. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), as usinas de São Paulo, principal produtor do país, estão recebendo R$ 0,59 por litro (sem impostos), frente a R$ 0,68 um mês atrás.

A safra de cana, que começou a ser colhida em março, será maior neste ano. No Paraná, serão pelo menos 48 milhões de toneladas, frente a 43 milhões em 2008. Como as exportações de álcool praticamente pararam, sobra ainda mais combustível no mercado brasileiro, o que pressiona as cotações. “Além de a oferta ser maior, os usineiros estão descapitalizados e vendendo a qualquer preço, mesmo levando prejuízo, para honrar seus compromissos”, diz Anísio Tormena, presidente da Alcopar, associação do setor sucroalcooleiro. Ele explica que, tradicionalmente, as usinas produzem álcool no início da safra, e só começam a fabricar açúcar a partir de maio. Com mais cana direcionada à fabricação de açúcar, ele espera que os preços do combustível podem voltar a subir nos próximos dias.

Guerra

Para Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis (que representa os postos do estado), outro fator que pode elevar os preços do álcool é o esperado fim de uma “guerra de preços” iniciada há cerca de 60 dias. “O barateamento também reflete o excesso de oferta, mas o que ocorre em Curitiba está fora da realidade. Os postos pagam entre R$ 1 e R$ 1,08 pelo litro de álcool comprado de distribuidoras sérias, mas há gente vendendo na bomba por esse preço. Muitos estão trabalhando no vermelho para competir, mas também há sonegação de impostos e adulteração de combustíveis”, alerta Fregonese. Ele sugere que o consumidor peça o teste de qualidade do álcool se os preços estiverem muito baixos.

“Em toda a região está esse preço, então temos q ue baixar para acompanhar a concorrência”, diz Márcio Martins, gerente do posto Spirit, do bairro Orleans, que está vendendo o litro do álcool a R$ 1,069. O gerente de um posto Shell do bairro Champagnat, que cobra o valor mais alto entre os pesquisados pela Gazeta (R$ 1,289), conta que o preço deveria estaria mais alto. “Só baixamos por causa da nossa concorrência. Não sei quem começa com essa mágica de preço baixo.”

Colaborou Anna Luisa Haluche

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