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CNA pede mudanças em sistema de remuneração

Os produtores de cana querem mudar o atual sistema de remuneração da matéria-prima feito com base em cálculos de entidades privadas para elevar sua fatia na renda do setor. Criado em 1998, o sistema Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool (Consecana) considera o preço final de venda dos derivados, mas não tem levado em conta, segundo os produtores, o aumento nos custos de produção e as novas oportunidades de negócios – a mais importante seria a co-geração de energia. Por isso, negociam com os donos de usinas um reajuste de preços e a retroatividade da medida ao início da safra, iniciada em maio.

“Temos que aperfeiçoar esse modelo”, disse ontem (dia 16) Edson Ustulin, presidente da Comissão de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Dependemos da melhora nos preços para estimular o setor”. Segundo ele, o valor médio da tonelada da cana na atual safra (2005/06) está em R$ 35; o prejuízo dos produtores, em R$ 11. Os produtores dizem que o sucesso nas exportações de açúcar e álcool não tem se traduzido em benefícios ao setor primário. Ele aponta a ampliação de 64,5% nos embarques brasileiros de açúcar e álcool entre janeiro e abril deste ano – de US$ 766 milhões para US$ 1,26 bilhão na comparação com o mesmo período do ano passado.

Consulta feita com 478 produtores de cana, sobretudo de São Paulo, mostrou, em resumo, que eles pensam que o setor sucroalcooleiro passa por bom momento. “Mas nas lavouras não temos o quê comemorar”, disse Ustulin. Pesquisa feita pelo Projeto Conhecer da CNA aponta perda de renda dos produtores, o que seria resultado do aumento dos preços dos insumos e o recuo na remuneração da cana. Os produtores (73% dos consultados) entendem que o Consecana “não remunera corretamente a matéria-prima” – 68% deles pensa que as mudanças do sistema devem melhorar o preço pago ao produtor. Nas duas últimas safras, dizem os produtores, os fertilizantes dobraram de preço, os herbicidas ficaram 45% mais caros e os inseticidas foram reajustados em 30%. O preço da cana, porém, teria recuado 20% em termos reais. (MZ)

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