Clima

Geada volta ao radar: onda de frio acende alerta e traz à tona fantasma de 2021

Raphael Delloiagono, do Pecege, alerta para os riscos da onda de frio e relembra perdas de mais de 80 milhões de toneladas de cana causadas pelas geadas históricas

Geada volta ao radar: onda de frio acende alerta e traz à tona fantasma de 2021

A intensa frente fria que avança pelo Brasil nesta semana e promete derrubar os termômetros a níveis negativos reacendeu o alerta para o risco de geadas nos canaviais, principalmente no Centro-Sul. Embora os modelos meteorológicos ainda não indiquem impactos severos, a memória de julho de 2021 ainda assombra o setor, quando uma sequência de geadas devastou a produção de cana-de-açúcar na região.

O analista de mercado do Pecege, Raphael Delloiagono, lembra com precisão os efeitos daquele ano. 

“Foram pelo menos três eventos de geada ao longo de julho de 2021, que afetaram o canavial de maneira muito severa. A produção da safra caiu de quase 610 milhões de toneladas para 525 milhões na 2021/22. Isso representa uma perda de mais de 80 milhões de toneladas, grande parte atribuída às geadas”, destacou.

Risco real, mas menor que 2021

Apesar da preocupação com a onda de frio desta semana — que poderá registrar temperaturas de até -7°C no Sul e geadas pontuais no Centro-Sul —, Delloiagono pondera que a situação não deve se repetir com a mesma intensidade da ocorrida há três anos. “O provável é que tenhamos algo mais semelhante ao ano passado, quando algumas áreas específicas, foram afetadas pontualmente, sem grandes perdas”, explica.

Logística de colheita é única alternativa

Diante da possibilidade de danos localizados, as usinas devem ficar atentas para reagir rapidamente, redirecionando a colheita para as áreas afetadas. “Infelizmente, não há muito o que se fazer preventivamente. Se a geada atinge o canavial, o que se pode fazer é ajustar a logística e priorizar a colheita da cana danificada, antes que ela se deteriore. Mas se a área atingida for grande, as perdas são inevitáveis”, alerta o analista do Pecege.

Inverno sob vigilância

O episódio serve como lembrete da vulnerabilidade do setor frente a eventos climáticos extremos, especialmente durante o inverno. Embora a probabilidade de uma catástrofe como a de 2021 seja baixa, segundo Delloiagono, o risco é real e exige monitoramento constante nos próximos dias.

Com a previsão de frio intenso até o fim de semana, produtores e indústrias do setor sucroenergético seguem em alerta máximo, torcendo para que o frio não congele, novamente, o desempenho da safra.