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Clima seco reduz projeção de moagem para o Centro-Sul

As usinas e destilarias da região Centro-Sul do Brasil devem moer 573,83 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2010/11. É o que aponta da última estimatica feita pala União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), em conjunto com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e demais sindicatos e associações da região.

A atual projeção indica uma redução de 3,70% em relação ao total estimado pela Unica em abril de 2010 (595,89 milhões de toneladas), e crescimento de 5,88% sobre o valor final da safra 2009/10 (541,96 milhões de toneladas).

De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, a moagem de 573,83 milhões de toneladas de cana representa, na prática, uma quebra em torno de 7% em relação ao volume total de cana no campo no início da safra, que estava entre 610 e 620 milhões de toneladas.

A redução na estimava de moagem se deve particularmente ao clima seco observado até o momento. Desde abril deste ano, as chuvas nas principais regiões produtoras ficaram significativamente abaixo da média histórica.

Em algumas regiões o cenário é extremo Em Ribeirão Preto, por exemplo, o volume de chuvas observado durante os meses de maio a junho é o terceiro menor dos últimos 20 anos. Essa condição climática atípica afetou a lavoura e reduziu a disponibilidade de cana para moagem em 47 milhões de toneladas.

Produtividade agrícola

A quantidade de cana produzida por unidade de área (toneladas de cana por hectare) vem sendo severamente prejudicada pela escassez de chuvas. Isso porque a falta de água dificulta o acúmulo de biomassa pela planta.

Em agosto, por exemplo, a produtividade média do canavial no Centro-sul deve ficar cerca de 7% abaixo do valor observado no mesmo período da safra passada – o Estado de São Paulo foi a região mais prejudicada.

Moagem de cana no final da safra

O clima seco vem permitindo um avanço da moagem e resultará em uma antecipação do final da safra, com a possibilidade de colheita em áreas em que a cana não completou totalmente o seu ciclo de desenvolvimento.

Isto significa que a cana de final de safra poderá ser colhida com menos de 12 meses, o que configura perda expressiva de biomassa. Além disso, boa parte da cana colhida durante o período de dezembro de 2009 a março de 2010 não deve ser processada nesta safra, devendo ser moída apenas no início da safra 2011/2012.

O diretor da Unica alerta que “em agosto o clima seco ainda persiste e, caso o padrão histórico de chuvas não seja retomado nos próximos meses, poderemos ter uma quebra de safra ainda maior, exigindo uma nova revisão do volume de cana disponível para colheita”.

Qualidade da matéria-prima

O clima seco permitiu um incremento na concentração de açúcares na planta. Até 15 de agosto de 2010, a quantidade ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) por tonelada de cana ficou 4,42% superior ao valor observado no mesmo período de 2009 (129,80 kg de ATR/tonelada de cana no ano passado contra 135,54 kg de ATR neste ano).

Apesar da evolução da colheita mecanizada e do aumento das impurezas vegetais na matéria-prima recebida pelas usinas, a expectativa é de que, mantidas as condições climáticas atuais, o ATR final para essa safra seja superior ao valor estimado em abril de 2010. A nova estimativa aponta para um ATR de 141,80 kg por tonelada de cana, contra 138,59 kg estimados em abril de 2010 e 130,23 kg observado na safra passada (safra 09/10).

Produção de açúcar e de etanol

Do total de cana esperado para a safra 2010/2011, a Unica estima que 43,94% será destinado à produção de açúcar, um pequeno acréscimo em relação aos 43,29% que foram divulgados no início da safra. Assim, a exemplo dos anos anteriores, a maior parte da cana colhida nesta safra (56,06%) deverá ser utilizada para a produção de etanol.

A produção de açúcar projetada é de 33,73 milhões de toneladas, queda de 1,06% em relação à primeira estimativa e aumento de 17,75% em relação as 28,64 milhões de toneladas produzidas na safra 2009/2010.

Já a produção de etanol deverá atingir 26,39 bilhões de litros, queda de 3,66% em relação ao número inicialmente projetado e crescimento de 11,40% sobre os 23,69 bilhões de litros da safra anterior.

Dos 26,39 bilhões de litros de etanol que deverão ser produzidos neste ano, 19,07 bilhões serão de etanol hidratado e 7,31 bilhões de anidro.

Mercado de açúcar e de etanol

De abril a julho, as exportações brasileiras de açúcar totalizaram 8,88 milhões de toneladas, crescimento de 10,86% em relação à safra 2009/10. A nova expectativa de exportação de açúcar aumentou 8,59%, devendo alcançar 22,75 milhões de toneladas na safra 2010/11.

Ao contrário do que ocorre no mercado de açúcar, as exportações de etanol permanecem abaixo dos valores históricos. Até o momento, as unidades do Centro-Sul já disponibilizaram para exportação 866,71 milhões de litros de etanol, volume 45,90% inferior ao observado em igual período do último ano. O valor estimado para o final da safra é de 1,45 bilhão de litros de etanol no Centro-Sul, contra 2,76 bilhões da safra 2009/10.

No acumulado desde o início da safra até 15 de agosto, as vendas de etanol pelas unidades produtoras do Centro-Sul totalizaram 9,69 bilhões de litros, sendo que 8,82 bilhões foram destinados ao mercado doméstico.

Para Rodrigues, “a demanda potencial de etanol vem crescendo de forma significativa, não apenas devido ao aumento da frota flex, que em julho atingiu 10,81 milhões de veículos, mas também em função do crescimento do consumo de etanol não carburante no mercado interno”.

As vendas de etanol para outros fins no mercado doméstico já totalizaram 366 milhões de litros até 15 de agosto, e devem fechar a safra com um crescimento superior a 50% em relação ao último ano, acrescentou o executivo da Unica.

Moagem de cana até 15 de agosto

A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do País totalizou 40,04 milhões de toneladas na primeira quinzena de agosto. No acumulado desde o início da safra até 15/08, a moagem atingiu 337,88 milhões de toneladas, 17,08% superior ao volume processado no mesmo período do ano anterior, que foi de 288,60 milhões de toneladas.

Produção de açúcar e de etanol

A produção de açúcar nos primeiros quinze dias de agosto totalizou 2,74 milhões de toneladas. Já a de etanol foi 1,91 bilhão de litros, sendo 550,30 milhões de etanol anidro e 1,36 bilhão de hidratado.

No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar chegou a 19,51 milhões de toneladas. A produção de etanol alcançou 14,80 bilhões de litros, sendo 3,81 de etanol anidro e 10,99 bilhões de etanol hidratado.

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