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Clima e política devem ditar o ritmo das próximas safras

Próximas colheitas começam a ser semeadas em outubro durante as eleições
Próximas colheitas começam a ser semeadas em outubro durante as eleições

Ao passo que a safra 2014/15 avança e as revisões indicam retração na maioria dos indicadores, a eleição se aproxima e traz consigo a esperança por dias melhores. É com este misto de incerteza e confiança que os produtores canavieiros precisam planejar seus investimentos futuros.

Começando pelo clima, a seca, sofrida principalmente em dezembro, janeiro e fevereiro, alterou o andamento da safra e diversas usinas estão antecipando a entressafra por falta de matéria-prima. Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica – União da Indústria da Cana-de-Açúcar, espera uma queda de R$ 6 bilhões no faturamento com a mudança.

Não bastasse o déficit hídrico, no exercício futurológico dos produtores existe ainda a possibilidade do fenômeno conhecido como El Niño, que traz a seca para a Ásia e chuvas pesadas para a América do Sul.

Certo mesmo é que a safra 2014/15 será menor. A Unica revisou sua previsão para o Centro-Sul, maior região produtora, e aponta moagem de 545 milhões de cana, queda de 5,8% em relação à estimativa inicial e 11,7% se comparada ao último ciclo.

Eleições

Viajando até Brasília (DF), tem-se em outubro o ato mais importante desde que a democracia foi estabelecida, as eleições. Pressionada pela ascensão de sua desafiante — Marina Silva (PSB) —, Dilma Rousseff (PT) anunciou em 10 de setembro que açúcar e etanol passarão a fazer parte do Programa Reintegra, benefício criado pelo Governo Federal que possibilita que algumas empresas brasileiras exportadoras recuperem até 3% da receita decorrente da exportação.

No mesmo dia, o ministro Guido Mantega informou a liberação de linhas de financiamento em condições diferenciadas para a construção de armazéns de açúcar no país. O auxílio precisa ser aprovado pelo CMN – Conselho Monetário Nacional. O objetivo é fazer com que o Brasil amplie sua capacidade de armazenamento, atualmente em níveis bastante inferiores aos dos principais países produtores e exportadores de açúcar.

Apesar de importantes, as medidas ainda são insuficientes para a recuperação do setor, conclui a Unica. “É preciso uma visão de longo prazo, principalmente no que se refere ao etanol e à biomassa, com políticas públicas claras, estáveis, consistentes e que possibilitem a recuperação da competitividade do setor e um ambiente propício a novos investimentos”, informou a entidade em um comunicado.

Especialistas dizem que o próximo presidente terá que priorizar alguns setores para incentivar o desenvolvimento da economia e a competitividade. O sucroenergético, por suas características, é um deles. A seu favor estão o mercado mundial de açúcar, etanol e bioeletricidade, demandando ainda mais consumo de alimento, combustível e energia.

Contudo, é preciso estar preparado, com visão estratégica e foco na eficiência. “Quando você tem uma visão clara e bem elaborada, fica mais fácil encontrar a aceitação e aprovação dos envolvidos. O setor tem que voltar a sonhar com etanol, afinal ninguém resiste ao poder de uma ideia quando chega o seu tempo”, diz Luis Nassif, jornalista especializado em economia.

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