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Citricultor paulista diversifica produção e resiste à crise

Produtores de laranja do Estado de São Paulo, maior produtor nacional, estão optando por reduzir os pomares e diversificar a produção para resistir melhor aos ciclos de crise do setor. Os investimentos estão sendo direcionados para o controle sanitário e a melhoria na produtividade.

Os extensos pomares que caracterizavam as regiões tradicionais em citros, como Araraquara, Limeira e Bebedouro, dão lugar a pomares menores, entremeados por outras culturas. Ao mesmo tempo, se consolida o processo de migração da zona da laranja em direção às regiões de clima temperado, como o sudoeste paulista.

Com isso, o mapa agrícola de São Paulo, marcado pelo binômio laranja-cana, começa a se alterar. O fechamento da unidade da Citrosuco em Bebedouro, anunciado no mês passado, soou como um alerta para os citricultores. “A agricultura é como o brinquedo de um parque de diversões que sobe e desce”, compara o produtor rural Antonio Júlio Queiroz, secretário adjunto de Agricultura do Estado. “Por isso a gente não pode investir tudo numa cultura só.”

Produtor de laranja em Colina, região de Bebedouro, com pomares de 50 mil plantas, Queiroz produz também borracha, banana e limão. Além disso, arrendou 40% da área para a cana-de-açúcar, como outros produtores da região. “Hoje, a laranja não é mais minha principal fonte de renda.”

Muitos citricultores que arrancaram os pomares e transformaram em canaviais no “boom” da cana, hoje se arrependem em razão da retração no mercado do etanol. Se tivessem optado pela diversidade, o risco de perdas seria menor, afirma. “Não adianta ficar numa cultura só. É preciso mudar o conceito.” No caso da laranja, para novos investimentos deve-se levar em conta a questão sanitária. “O greening tem um peso enorme.” A doença é um dos principais problemas da citricultura mundial e seu controle exige pulverizações sistemáticas.

Diversidade

O secretário adjunto lembra que a expansão da citricultura no sudoeste está se dando em cima da diversidade. “É um pessoal novo, mais tecnificado e diversificado, que planta grãos, frutas e tem gado.”

A Estância Mondial, em Buri, é um exemplo. Tradicional produtora de grãos – soja, milho, feijão e trigo – cultiva 100 mil pés de laranja em 145 hectares. A maioria das plantas ainda não entrou em produção. Os últimos plantios ocorreram no ano passado. Os pomares são altamente produtivos, chegando a 5 caixas de 40,8 quilos/pé, sendo que a média estadual é de 1,9 caixa/planta.

O agricultor Takao Hosinho, de Itapetininga, também decidiu apostar na citricultura, mas sem reduzir a área de grãos. Os 50 mil pés de laranja foram plantados em terras antes ocupadas por pastagens.

No distrito de Holambra II, em Paranapanema, detentor de um variado menu de produtos que vai das flores ao algodão, os agricultores encontraram no eucalipto e na laranja alternativas para áreas de sequeiro, onde não é possível irrigar.

Os pomares ainda são recentes, mas já cobrem perto de mil hectares e aumentam à razão de 150 mil plantas por ano. De acordo com o agrônomo Edegar Petisco, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento em Itapetininga, quem adere à citricultura são os agricultores mais equipados e que se acostumaram à rotina de adubações e controle de pragas nas culturas anuais. “Eles não veem problema em pulverizar o laranjal a cada 15 dias contra o greening, por exemplo.”

668 mil hectares

era a área plantada com laranja, em 2007, no Estado de São Paulo

300% foi o aumento

no número de novas plantas na região sudoeste de SP nos últimos 10 anos

55% foi a redução

no número de novas plantas no norte do Estado, antes tradicional região citrícola

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