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Chuva atrasa a safra e reduz rendimento

Mesmo com área plantada 6,6% superior à de 2008, alcançando os 600 mil hectares, a moagem da cana no Paraná está 15% atrás do ano passado, segundo dados da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar). O levantamento referente ao começo de outubro revela que a cana paranaense está rendendo cerca de 4% menos, em função da diminuição do teor de sacarose na planta. A perda de rendimento industrial é causada pelo excesso de chuvas fora de época, que por sua vez atrasa também o processo de colheita.

Moagem – “Temos mais cana plantada, mas temos também muito mais chuva. Julho, agosto e setembro, que normalmente são meses de estiagem, este ano retardaram muito a moagem”, diz o presidente da Alcopar, Anísio Tormena. Dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontam que no fim de setembro apenas 59% da cana havia sido colhida, contra 67% no mesmo período de 2008 e 73% em 2007. A moagem da gramínea alcançou 30,3 milhões de toneladas, um aumento de 3% em relação aos 29,4 milhões de toneladas do início de outubro de 2008. Em condições normais de clima, contudo, os produtores já poderia ter processado 36 milhões de toneladas.

Derivados – Na distribuição dos derivados da cana, segundo a Alcopar, a produção de açúcar subiu para 1,7 milhão de toneladas, volume 5,3% superior ao de 2008. Já a produção total de etanol (anidro e hidratado) caiu 6,1%, para 1,25 milhão de metros cúbicos.

Alta nos preços – Sobre a alta nos preços do etanol no mercado interno, Tormena diz que não é motivo para euforia no campo. “Vemos isso com cautela, porque pode afetar a competitividade do produto em relação ao seu principal concorrente, que é a gasolina. Não temos vontade de ver o preço do etanol chegar a R$ 2 simplesmente porque vai parar de vender. Nossa indústria pode fazer um produto competitivo, com preço mais baixo, coisa que não está acontecendo por causa da quebra na safra e o seu reflexo natural no mercado.”

Estoque – Passados dois terços do período de safra, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou que o estoque do etanol acumulado nas usinas dos oito estados produtores do Centro-Sul somou 2,4 bilhões de litros entre abril e outubro, uma queda de 37% ante 2008. Ao mesmo tempo, um estudo da entidade apontou que a disparada do preço do combustível foi fomentada pelo aumento da demanda, que cresceu 16,8% no período.

Stephanes – Na avaliação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o preço do álcool é um “pequeno soluço” do mercado. “Vamos ver até onde isso vai. Acredito que vá se normalizar”, afirmou. O preço do etanol disparou nos postos brasileiros, subindo 8,7% em um mês, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). No Paraná, a alta das bombas nas últimas quatro semanas foi de 15%.

Mecanismos – Stephanes lembrou dos mecanismos já utilizados pelo governo para intervir no mercado quando há valorização exagerada no etanol – além da redução de financiamento para formação de estoques, há a redução da mistura do álcool à gasolina, que nos últimos anos oscilou entre 20% e 25%. “Hoje esse porcentual está em 25%. Podemos diminuir”, comentou. No entanto, ele afirmou que prefere apostar primeiro na autorregulação.

Açúcar puxa negócios do complexo – Os embarques de açúcar puxaram as exportações do agronegócio brasileiro em setembro, atingindo a cifra de US$ 900 milhões, aumento de 70% em relação ao mesmo mês de 2008. Em volume, as exportações do produto cresceram 36,5%. Os embarques de etanol, na outra ponta, tiveram redução de 47,5%, totalizando US$ 151 milhões. A queda reflete a redução de 37% na quantidade exportada. Mesmo com a refreada no álcool, os embarques do chamado complexo sucroalcooleiro cresceram 28,6% em setembro – de US$ 816 milhões para US$ 1,051 bilhão. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o volume de açúcar exportado pelo país subiu18,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No etanol, a queda foi de 29,6% na mesma comparação.

Balança comercial – Com todos os produtos, a balança comercial do agronegócio registrou um superávit de US$ 4,868 bilhões em setembro. As exportações totalizaram US$ 5,745 bilhões, o que representou uma redução de 15,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações foram de US$ 876,5 milhões, ou 16,0% de redução. Além do complexo sucroalcooleiro, os demais setores que apresentaram taxas positivas de crescimento foram fumo e seus produtos (2%), cereais, farinhas e preparações (4%), chá, mate e especiarias (11%) e produtos apícolas (4,3%). A maioria dos setores apresentou redução de valores exportados: complexo soja (-16,5%), carnes (-31,4%), produtos florestais (-18,4%), café (-19,6%).

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