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Chile sela acordo de biocombustível

O Brasil conseguiu mais um aliado oficial para seu programa de biocombustíveis no continente, incluindo o etanol, criticado por mandatários como o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o cubano Fidel Castro. Chile e Brasil, com acordo a ser assinado hoje pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Michelle Bachelet, abrirão caminho para sociedades entre empresas brasileiras e chilenas para exportação de etanol a terceiros mercados e para produção de biocombustível em território chileno.

A atuação conjunta de países no continente em programas de incentivo ao uso de etanol recebeu forte incentivo do subsecretário de Estado dos Estados Unidos para a América Latina, Thomas Shannon, que, em visita ao Chile para o Fórum Econômico Mundial – América Latina, elegeu o álcool combustível como um de seus temas prioritários, nas conversas e discursos que tem feito no seminário.

“O melhor é que a maioria dos projetos na área de biocombustíveis vem do setor privado”, comentou Shannon, para o Valor. É grande o interesse de outros países na região em firmar acordos semelhantes para pesquisa e produção do etanol combustível, nota o principal assessor do presidente George W. Bush para o continente. A troca de compromissos entre Estados Unidos e Brasil também despertou investidores em países como o Japão, afirma ele.

Shannon admite que, apesar da cooperação entre os dois países, o Congresso americano não aceita a redução das sobretaxas aplicadas às exportações do álcool brasileiro àquele país, mas argumenta que o aumento dos preços internacionais tem permitido a venda do produto ao mercado americano, apesar das sobretaxas. Ele reconhece que os EUA terão de monitorar o mercado para impedir que o aumento da demanda pelo álcool provoque elevação excessiva do preço do milho, principal matéria-prima para fabricação do etanol nos EUA.

Os programas de pesquisa e estímulo a terceiros países para produção de etanol devem enfocar principalmente a fabricação do álcool a partir de matérias-primas como a celulose, diz ele.

O entusiasmo de Shannon e do governo brasileiro tem ouvidos receptivos no Chile, onde a presidente Bachelet anunciou recentemente a decisão de incluir o biocombustível na matriz energética do país. Desde o ano passado, a estatal petrolífera Enap e a empresa açucareira Iansa estudam a viabilidade dos combustíveis de origem vegetal no Chile, e está previsto para 2008 o início da produção de biocombustível no país.

Ontem, no dia da chegada do presidente Lula a Santiago, para uma rápida visita em que assinará acordos de cooperação com Bachelet, o embaixador brasileiro no país, Mário Vilalva publicou um artigo defendendo ação conjunta dos dois países em matéria de etanol. “Poderão ser realizadas sociedades entre empresas do Chile e Brasil para comercialização de etanol em outros mercados, e criar joint ventures para instalação de indústrias produtoras de biocombustíveis no Chile”, afirmou.

Os biocombustíveis são mais um ponto de uma longa lista de temas comuns entre Brasil e Chile, segundo afirmou ao Valor o ministro de Relações Exteriores chileno, Alejandro Foxley. Brasil e Chile compartilham valores como o tipo de democracia existente em seus países e a opção de aproveitar os fatores positivos da globalização, comentou o ministro, em uma crítica indireta a outros governos, como o de Chávez e Morales. O Chile tem forte interesse em apoiar iniciativas internacionais do Brasil, a começar pelo G-20, grupo de países em desenvolvimento formado na Organização Mundial do Comércio (OMC) para defender o fim das distorções do mercado agrícola provocadas pelas políticas dos países ricos. Chile e Brasil também são aliados na Organização das Nações Unidas, na campanha brasileira opor um assento permanente no Conselho de Segurança à missão de paz no Haiti.

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