A Neomille, empresa subsidiária da CerradinhoBio, concluiu, recentemente, a emissão de R$ 253,6 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A emissão foi classificada como “verde”, o que ressaltou a responsabilidade socioambiental da companhia. Trata-se do primeiro CRA verde emitido pela CerradinhoBio.
“A forte demanda e diversidade dos participantes que aderiram à oferta evidenciam o sucesso da operação, que marca mais um importante passo da CerradinhoBio no mercado de capitais brasileiro. Com o CRA, a empresa encerrou a safra 20/21 com a posição de liquidez mais robusta de sua história”, disse Gustavo de Marchi, diretor administrativo financeiro da companhia.
Paulo Motta, presidente da CerradinhoBio, afirmou que a empresa segue no caminho certo, com crescimento constante devido a investimentos estratégicos, entre eles, os R$ 280 milhões na construção da Neomille. A unidade consolidou o grupo como um dos maiores complexos industriais de produção de bioenergia da América Latina com capacidade consolidada de produzir 770 milhões de litros de etanol e 1.300 GWh de geração de energia.
Outro investimento citado pelo executivo, foi o projeto de desgargalamento no processo de moagem de cana. Com o valor de R$ 50 milhões, ele ampliou a capacidade de moagem na planta de cana para 6,0 milhões de toneladas ao ano, um incremento de 15%.
Nesta entrevista exclusiva, Motta dá mais detalhes sobre os resultados positivos registrados em todas as áreas de atuação da companhia ao longo da safra 20/21, quando a companhia alcançou a marca recorde na produção de etanol.
1 – Qual balanço o senhor faz da safra 20/21?
Paulo Motta: A safra 20/21 é, sem dúvida, motivo de orgulho para a CerradinhoBio. Mesmo diante de um cenário de tantos desafios impostos pela pandemia, a empresa conseguiu alcançar resultados consistentes em todas a áreas. Registramos recorde na produção de etanol: foram 647 mil m³ (442 mil m³ na cana e 205 mil m³ no milho), frente aos 501 mil m³ da safra passada (430 mil m³ a partir da cana e 71 mil m³ a partir do milho). Aumentamos nossa oferta de DDG 124 mil toneladas na safra 20/21 contra 45 mil toneladas na safra 19/20 e o óleo com 4.7 mil toneladas na safra 20/21 contra 273 toneladas na safra 19/20.
2 – A pandemia prejudicou muito os negócios da companhia?
Paulo Motta: No início da pandemia trabalhamos com muito cuidado para entender o cenário e quais seriam os desdobramentos. Priorizamos os cuidados com a saúde e segurança dos nossos colaboradores com muito zelo e respeito. Temos muito foco em cuidar da situação de caixa da companhia. Felizmente a evolução do mercado com recuperação de demanda e bons preços nos possibilitou o melhor resultado de safra da nossa história.
3 – Quais são as perspectivas para a safra 21/22?
Paulo Motta: Para a próxima safra, a companhia espera moer 5,8 milhões de toneladas de cana, um aumento de 16%, e outras 530 mil toneladas de milhos, também um aumento de 16%. Queremos continuar entregando produtos essenciais ao mercado de forma competitiva e dar continuidade ao plano de expansão de produção, superando as metas estabelecidas.
4 – O clima no último ano teve impacto para a empresa?
Paulo Motta: Tivemos alguns desafios relacionados com a estiagem, que reduziu o volume de cana disponível e acabou terminando por alongar nosso período de entressafra.
5 – RenovaBio: qual o desempenho da companha no último e qual a previsão para 2021?
Paulo Motta: O primeiro ano foi bastante positivo, especialmente se colocarmos em perspectiva as incertezas e desafios trazidos pela Covid-19. Foi muito importante a manutenção das metas de compra de CBIOs, mesmo em cenário mais adverso, para garantir a segurança e desenvolvimento do programa.
A CerradinhoBio se destacou como uma das principais geradoras e comercializadoras de CBIOs, com 663.284 CBIOs escriturados.
Consideramos que 2021, será o ano de solidificação do RenovaBio e estamos trabalhando internamente para a certificação no negócio de etanol de milho, a Neomille, junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
6 – A companhia já tinha a experiência na emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e, agora, fez a sua primeira emissão de CRA “verde”. Poderia dizer como será utilizado o recurso obtido pela empresa?
Paulo Motta: O CRA “verde” de R$ 253,6 milhões foi emitido pela Neomille, empresa produtora de etanol de milho e derivados, subsidiária da CerradinhoBio, e teve como objetivo reforçar a posição de liquidez da empresa, que demanda bastante capital de giro por conta da sazonalidade da compra de milho que será utilizada em toda safra.
A operação foi coordenada pela XP Investimentos e pelo Bradesco BBI, conta com selo verde e possui prazo de 5 anos, com amortização em parcela única ao final do período.
7 – O senhor acredita que a emissão de green bond será uma tendência no setor sucroenergético?
Paulo Motta: Sim, acreditamos que esse caminho não tem volta e é bastante positivo. Os investidores estarão cada vez mais atentos às práticas de sustentabilidade, nos diferentes aspectos, que as empresas investidas adotam.
8 – Como o senhor vê a retomada da abertura de capitais das usinas e quais são os planos da CerradinhoBio em relação a isso.
Paulo Motta: O aumento do número de empresas do setor entre as empresas listadas é positivo pois fortalece mais uma alternativa de busca de capital e dá maior exposição ao setor. A Cerradinho já vem trabalhando há bastante tempo para fortalecimento de sua governança e ampliação das alternativas de financiamento e estamos determinados a continuar trabalhando nesse sentido.