Vários executivos do setor concordam que cada nova safra sucroenergética é atípica. Mas a 2020/21 teve um componente a mais: a pandemia da Covid-19. Além disso, uma turbulência sem precedentes nos preços do petróleo impactou negativamente o consumo de etanol.
É diante de situações críticas como essa que a liderança de um executivo é testada com mais rigor. Considerando esse fato há dois erros que um CEO de usina de cana não pode cometer, de acordo com Paulo Motta, CEO da Cerradinho Bio.
“Há dois aspectos críticos para rentabilidade e competividade de uma usina que os CEOs devem evitar. Primeiramente, um CEO não pode deixar de fazer uma diferenciação sustentável de custo, destacando a busca de melhoria constante de performance e eficiência/produtividades. Em segundo lugar, o executivo também não pode errar ao deixar de fazer uma governança robusta que sustenta uma cultura de longevidade competitiva”, explica Motta.
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O executivo fala com a propriedade de quem tem feito uma gestão exemplar no grupo. Sob seu comando a Cerradinho Bio encerrou o primeiro trimestre da safra 2020/21 com desempenho histórico. A receita líquida acumulada foi 50,3% superior à safra anterior, totalizando R$ 321,1 milhões, enquanto o lucro líquido registrado foi de R$2,1 milhões, contra R$ 8,2 milhões negativos no mesmo período da última safra.
O executivo compartilhou suas sugestões de como ter uma gestão que faça a usina ser mais competitiva e rentável no 3º CEO MEETING – Drivers Estratégicos para Garantir a Competitividade e Rentabilidade das Usinas realizado pelo JornalCana, no dia 28 de outubro.
No evento online, que contou com moderação de Josias Messias, diretor da Procana, e patrocínio da GDT by Pró-Usinas; Pró-Usinas; HB Saúde e S-PAA Soteica, o presidente do Grupo São Luiz, Luiz Carlos Queiroga, mostrou que as dificuldades dessa safra não impediram a companhia de investir e ter sucesso em região sem tradição canavieira. Sob o seu comando, as Usinas Santa Cruz, em Santa Cruz Cabrália (BA), e Santa Maria, em Medeiros Neto (BA), investem recentemente cerca de R$ 193 milhões em ampliações. Essa é uma demonstração clara de que é possível investir em tempos de crise.
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Mesmo assim o planejamento estratégico realizado no grupo mostrou-se eficiente. O resultado é que o montante injetado nas unidades, tanto na agrícola, quanto na indústria, para aumentar a produção de etanol anidro e hidratado surtirão efeito positivo. O grupo terá um incremento na capacidade de produtiva de etanol, da ordem de 86,5 mil m³/ano. Enquanto isso, no campo, a produção a mais de cana-de-açúcar será de 1,1 milhão de toneladas por ano.
Queiroga afirma que os investimentos nas usinas têm sido constantes. “A cultura da cana não existia nesta região, fomos pioneiros, hoje já está enraizado na Bahia. Esperamos continuar expandindo e atingir a capacidade total das usinas. No caso de Medeiros Neto, onde fica a Santa Maria, o município não tinha nenhuma indústria quando chegamos, o povo vivia de pecuária, sem nenhuma tecnologia, ninguém sabia o que era cana, nós que introduzimos a cultura”, conta.
De acordo com o empresário, na usina Santa Maria serão investidos R$ 67 milhões na unidade industrial e R$ 64 milhões no campo. Com a ampliação, a previsão é que a produção de etanol hidratado e anidro passe de 96 mil m³/ano para 160 mil m3/ano, onde serão mantidos os 225 empregos diretos e criados mais 60.
No campo, a produção de cana-de-açúcar vai saltar de 1,2 milhão de toneladas para 2 milhões de toneladas ao ano. Os 1,8 mil empregos diretos serão mantidos e mais 700 serão gerados no período de safra. Na usina Santa Cruz, a produção de etanol vai dobrar, passando de 22,5 mil m³/ano para 45 mil m³/ano. Serão investidos R$ 15,6 milhões na unidade industrial, criados 45 empregos diretos e mantidos 131.
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Já Fabiano Zillo, CEO da Zilor, mostrou que o grupo bateu recordes históricos de produção e se prepara para repetir os feitos no ciclo 21/22. “Estamos trilhando um caminho de superação e conquistas nesta safra”. O executivo sabe apontar qual é o caminho para rentabilidade da usina de cana e justifica em números. A companhia conquistou um recorde histórico no mês de setembro desse ano, quando consolidou o maior volume produzido de açúcar branco (2CF). O atual recorde é superior em 13.860 toneladas a mais do que o anterior de 164.767 toneladas registrado na Safra 2013/14, resultando no aumento de 8% da produção.
“Vamos continuar operando, garantindo a saúde e segurança dos colaboradores, o aumento de produtividade e a total eficiência para atingir as metas que pactuamos”, informa o presidente. Ele também ressalta a importância das certificações que o grupo possui. “Somos outorgados pela Bonsucro e a norma FSSC 22000. Devido essa alta qualidade, nosso açúcar está presente em várias marcas como a Coca-Cola, entre outros produtos e indústrias de alimentos”, destaca.
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Gabriel Sustaita, CEO da Bevap Bioenergia há mais de três anos, pontuou quatro drivers estratégicos para garantir a competitividade e rentabilidade de uma usina, assim como dar um ótimo retorno aos stakeholders. Segundo Sustaita, é preciso ter um planejamento estratégico, identificar as vantagens comparativas e os processos para torná-las competitivas. Além disso, é preciso inovar e ir além dos limites nos principais drivers, procurando sempre os melhores resultados. Que nem sempre – segundo ele – são os mais baratos.
O executivo acredita ainda que é preciso investir em sustentabilidade integral. “Em primeiro lugar ela é eficiente, em segundo lugar ela possui uma escala, em terceiro ela oferece uma diferenciação para o cliente. Por fim, ela possui uma consciência social e ambiental inegociável”, afirma.
Sustaita encerra a lista informando que o CEO deve buscar modelos de gestão e governança modernos e inclusivos que capacite e desenvolva as habilidades de seu time.
Esta matéria faz parte da Edição 321 do JornalCana. Para conferir, clique AQUI.