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CEO da Stellantis diz que Brasil precisa de etanol e não de carro elétrico

Carlo Tavares afirma que “o elétrico não faz sentido se comparado com o carro que pode rodar com 100% de etanol”

CEO da Stellantis diz que Brasil precisa de etanol e não de carro elétrico

No momento em que a associação de montadoras no Brasil, Anfavea, defende o fim do Imposto de Importação zero para veículos elétricos, para fomentar a internalização da produção no país e a previsibilidade de investimentos do setor, Carlos Tavares, CEO da Stellantis, uma das gigantes da indústria automobilística, afirma que “o elétrico não faz sentido se comparado com o carro que pode rodar com 100% de etanol”.

Com cinco marcas no país, o grupo internacional aposta suas fichas para alcançar a descarbonização e tem a ambição de atingir emissões líquidas de carbono neutras até 2038 com uma meta intermediária de reduzir as emissões de carbono pela metade até 2030, em comparação com os níveis de 2021.

Em 2022, a companhia reduziu sua pegada de carbono industrial e de instalações (Escopos 1 e 2) em 11%.

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“A sociedade precisa, o cidadão precisa? Minha avaliação honesta é que não, eles não precisam porque vocês têm uma solução muito boa para o planeta. Também há o fato de o Brasil ter grandes terras onde a produção de etanol não vai competir com a de alimentos, o que também é muito bom para o país. É uma tecnologia muito acessível e já teve investimento necessário. Então, por que você desperdiçaria os recursos da sociedade em algo que não é melhor para o planeta? ”, questiona Tavares, ao responder a jornalistas sobre os impostos que incidem sobre carros elétricos no Brasil em uma coletiva de imprensa, realizada na quarta-feira (22), no evento de divulgação dos resultados financeiros do grupo.

Por outro lado, é inegável que a propulsão elétrica está relacionada, também, à ideia de carro moderno e atualizado. É algo que os modelos a 100% a etanol que a Stellantis pretende lançar jamais igualarão e, nesse caso, a solução é vender EVs também. “Isso pode ser um nicho de mercado. Não pretendo deixá-lo para meu concorrente, então estarei lá também”, argumenta o empresário.

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As vendas de veículos elétricos e híbridos no país, apesar de ainda serem baixas em relação ao total, têm crescido de forma acelerada nos últimos anos, avançando quase 17% em 2022, ante uma expansão geral do mercado de leves de 7,7%.

Considerando apenas o mês passado, as vendas deste segmento dispararam 71% sobre um ano antes, apesar dos preços unitários elevados, que ultrapassam a casa dos 150 mil reais.

“O que defendemos é que não podemos abrir este mercado para inundar o mercado brasileiro com produtos de países de custo muito mais baixo”, disse o presidente da Anfavea, Márcio Leite.

“O Brasil ainda está caminhando em termos de competitividade e não podemos matar nossa indústria de autopeças. É fundamental termos uma regra e que ela dê previsibilidade para o setor”, acrescentou Leite, referindo-se à falta de prazo para o imposto zerado acabar. Hoje, veículos com motores a combustão pagam 35% de Imposto de Importação.