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CEO da Biosev anuncia novidades na companhia

Rui Chammas, CEO da Biosev, braço sucroenergético da francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC), segunda maior processadora de cana-de-açúcar do país, fala sobre como a safra 2015/16 das 11 unidades da companhia, em entrevista exclusiva para o Portal JornalCana concedida na cerimônia de premiação do MasterCana Centro-Sul na segunda-feira (23/08) em Ribeirão Preto (SP).

O CEO também revela as novidades já introduzidas pela Biosev

Portal JornalCana – Como está indo a safra 2015/16 para a Biosev?

Rui Chammas –  Fechamos o primeiro trimestre da safra 15/16 com produtividade de TCH superior a 80 toneladas por hectare. O desempenho é muito bom no Mato Grosso do Sul [onde a Biosev possui 3 das 11 unidades]. Nosso ATR veio em linha com nossa previsão, principalmente na região de Ribeirão Preto [na qual a Biosev opera 3 de suas 11 unidades]. Estamos com um trabalho operacional muito forte, com todas as ações necessárias para melhorar o ATR.

Portal JornalCana – A safra, então, deve seguir com o projetado?

Rui Chammas – Sim. A gente projetava uma safra ao redor de 31,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, como publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e estamos confiantes de reforçar essa informação ao mercado.

Portal JornalCana – E produzindo mais etanol?

Rui Chammas – Este ano estamos levemente com mais produção de etanol. Mas é uma questão de divisão de mix a todo momento. Fazemos otimizações praticamente semanais, buscando a melhor escolha. Vemos que o mercado de etanol está muito forte, com uma demanda grande, ancorada primeiro no posicionamento correto do preço do biocombustível, muito competitivo em vários estados. E também devido às pequenas mudanças feitas pelo governo, como o de Minas, com a mudança no ICMS [que desde fevereiro de 2015 é de 14% sobre o hidratado, ante anteriores 19%].

Portal JornalCana – O preço do etanol está remunerador para a usina?

Rui Chammas – Esta é uma expressão difícil de decodificar. O setor passa ainda por um ciclo importante de baixa, gerado pelo excesso de capacidade que vimos lá atrás. Mas o importante é a gente ter alguns sinais de política do governo. Acho fundamental agora que a gente consiga sensibilizar o poder público de que o setor precisa de uma política de longo prazo, de que precisa de uma sinalização clara de que as vantagens do etanol e as desvantagens do combustível fóssil serão levadas em conta na política pública.

Portal JornalCana – Fale mais a respeito

Rui Chammas – O Brasil não tem mais capacidade de produzir gasolina. Está nos planos da Petrobras de que não haverá nova capacidade entrando. O crescimento do consumo de combustíveis no Brasil, mesmo em um ano atípico como esse, deve crescer bem. É um país que tem demanda crescente por combustíveis de ciclo otto. E teremos uma demanda a ser atendida. Que pode ser ou através do fortalecimento do etanol, ou através de combustíveis importados, o que seria muito ruim.

Portal JornalCana – A Biosev planeja trabalhar com estocagem por conta própria de etanol para a entressafra, já que o financiamento via BNDES ainda não foi liberado?

Rui Chammas – Temos uma capacidade de estocagem de etanol equivalente a 70% de nossa capacidade de produção, que é superior a 1 milhão de metros cúbicos. Se a gente vai ou não estocar, depende de análises que fazemos constantemente. Normalmente estocamos alguma coisa. No ano passado fizemos esse movimento. Por enquanto analisamos para ver como vai ser a evolução do preço ao longo da safra.

Portal JornalCana- E a cogeração de excedentes?

Rui Chammas – Temos surpresas muito boas. Mesmo com a moagem um pouco menor, por conta das chuvas, conseguimos cogerar mais. Por duas razões: nossas unidades estão com uma quantidade maior de megawatts-hora (MWh) por tonelada, graças a ajustes de nossa equipe de engenharia de processos, com a melhora de equipamentos. E [a segunda razão] é que trouxemos mais biomassa para queimar no início do ano, como madeira, cavacos. Mas há mais novidade.

Chammas, CEO da Biosev: setor tem de ter visão de longo prazo
Chammas, CEO da Biosev: setor tem de ter visão de longo prazo

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Portal JornalCana – Qual?

Rui Chammas – Começamos nesta semana [iniciada em 23/08/2015] a recolher palha própria no Mato Grosso do Sul. Iniciamos com algumas frentes e a nossa ideia é crescer [esse recolhimento] ao mesmo tempo que iremos desenvolver a habilidade para fazer [esse processo].

Portal JornalCana – É um processo feito por conta da Biosev ou terceirizado?

Rui Chammas – Por conta. Queremos entender como nossas caldeiras irão estar rodando, que tipo de geração, como iremos opera-la. Então, antes de definir e avançar [no recolhimento da palha], queremos aprender e ir fazendo. Mas estou muito positivo com esse processo.

Portal JornalCana – A maioria da eletricidade cogerada excedente da Biosev é comercializada por contratos ou no mercado spot?

Rui Chammas – A eletricidade adicional vai para contratos ou é comercializada no spot pelo PLD [sigla para Preço de Liquidação das Diferenças, indicador usado no mercado para compra e venda de energia no spot].

Portal JornalCana – Nesta semana [até 28/08] o teto do PLD está em R$ 139/MWh. Remunera?

Rui Chammas – No nosso setor, temos que entender o conjunto de produtos feitos, como açúcar, etanol e energia, e buscar a maximização de resultados o tempo todo. Devemos ir numa visão de longo prazo. O setor não tem espaço para oportunista, nem para imediatista.

 

 

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