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Cenário foi positivo para os preços do etanol na safra nordestina 2021/22

Temporada na região está praticamente finalizada

(Foto Agência Brasil)
(Foto Agência Brasil)

Os valores médios do etanol anidro e do hidratado nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba tiveram forte avanço, na safra nordestina 2021/22, em termos reais, frente aos do mesmo período da temporada anterior. Isso é o que mostra levantamento feito pelo Cepea sobre a temporada naquela região, que está praticamente finalizada.

De acordo com Talita Negri, pesquisadora da instituição, diversos fatores podem ser citados para justificar tais aumentos. “Mesmo com o menor consumo do biocombustível nos postos destes estados, as altas foram reflexo do comportamento dos preços nos estados do Centro-Sul. Além disso, as valorizações internacionais do petróleo e a sequência de reajustes positivos nos preços da gasolina nas refinarias por parte da Petrobras reforçaram a elevação dos preços dos biocombustíveis na região nordestina”, explicou.

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Segundo o levantamento, para o etanol hidratado, o preço médio da safra 2021/22 (considerando-se os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais de agosto/21 a março/22) foi de R$ 3,2221/litro em Alagoas, forte alta de 21,62% frente ao do mesmo período da temporada 2020/21, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M de março/22). Em Pernambuco, a média fechou a R$ 3,2152/litro, avanço de 19,83%, e na Paraíba, a R$ 3,2786/litro, elevação de 23,59%, em termos reais.

No caso do etanol anidro, as valorizações foram ainda mais intensas. As médias da safra atual foram de R$ 4,0816/litro, de R$ 4,1034/litro e de R$ 4,1625/litro, respectivamente, para Alagoas, Pernambuco e Paraíba (também considerando-se os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais de agosto/21 a março/22). Em relação às médias da temporada anterior, os aumentos foram de 22,7% em Alagoas, de 23,97% em Pernambuco e de 24,67% na Paraíba, também em termos reais.

No campo, o clima favoreceu o desenvolvimento da cana-de-açúcar do ano safra 2021/22, e as expectativas positivas do setor e de recuperação foram confirmadas, segundo informações do Sindaçúcar-AL. Até 31 de março, a moagem de cana em Alagoas já havia ultrapassado o total processado na safra 2020/21, chegando a 18,19 milhões de toneladas, aumento de 7,8% frente ao mesmo período da safra passada e acima das expectativas do Sindicato-AL (de que 18 milhões de toneladas fossem processadas até o final da temporada).

A produção de etanol, por sua vez, aumentou 6,5% frente ao mesmo período da temporada passada, atingindo 444,25 milhões de litros (anidro e hidratado).

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Em Pernambuco, informações divulgadas pela Novabio (Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia) com base nos dados do SAPCANA/Mapa (Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) indicam que foram esmagadas, até o final de março, 12,78 milhões de toneladas de cana, quantidade já superior ao total da safra passada. A produção de etanol também aumentou neste ano-safra, atingindo 372,03 milhões de litros (+4,15% frente à safra 2020/21).

Talita Negri

Já na Paraíba, a quantidade de cana-de-açúcar moída na safra atual frente à anterior caiu 8,1%, conforme dados divulgados pena Novabio. O estado havia produzido 354,61 milhões de litros de etanol até dia 31 de março (diminuição de 11,6% na comparação com o mesmo período da safra passada).

Segundo levantamento junto a agentes de mercado, até 31 de março, do total de usinas de Pernambuco, Alagoas e Paraíba consultadas pelo Cepea, 3% haviam finalizado a moagem em dezembro/21, 13%, em janeiro/22 e 23%, em fevereiro/22. A maior parte das unidades produtoras encerra a moagem da cana-de-açúcar entre março (47%) e abril (13%).

As importações de etanol durante o ano-safra de 2021/22 caíram frente à temporada passada. De agosto/21 a março/22 (período de safra nordestina), o total importado foi de 316,822 milhões de litros, contra 346,66 milhões de litros (-8,61%) no mesmo período de 2020/21, segundo dados da Secex.

O dólar elevado e a queda no consumo de etanol nas bombas no período influenciaram a redução das compras externas do produto. Além disso, os altos custos logísticos nas transações podem ter influenciado na baixa das importações.

“Ressalta-se que, nos últimos anos, verifica-se uma tendência de queda nas importações. De 2017 para 2018, a diminuição nas importações foi de 29%, de 2018 para 2019, de 17,9%, de 2019 para 2020, de 30,7%, e de 2020 para 2021, de expressivos 57,2%, ainda conforme dados acumulados da Secex”, afirma a pesquisadora.

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Após a liberação das vendas diretas de etanol entre usinas e postos, em setembro/21, os produtores dos estados nordestinos seguiram estudando as mudanças tributárias e operacionais necessárias para iniciar este tipo de comercialização, não havendo consenso sobre benefícios decorrentes dessa forma de operar no mercado.

“Ainda, até março/22, algumas unidades produtoras começaram a aderir este tipo de comercialização e vendas pontuais foram realizadas”, comentou.

Segundo colaboradores do Cepea, vendas nesta modalidade estão sendo feitas para adequar os sistemas e vistas como mais uma opção de comercialização de etanol para o mercado local.

Talita lembra ainda que, no dia 21 de março, o governo federal anunciou a alíquota zero para a importação do etanol e de diversos outros produtos até dezembro deste ano, o que deixou alguns produtores nacionais apreensivos. A medida visa diminuir a inflação e o preço na bomba da gasolina C.