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Cenário energético ruim reduz disposição de investimento, diz Delfim

Delfim_Netto

É preciso cortar a demanda por energia elétrica e não se faz isso debitando prejuízos do sistema energético no orçamento — medida que só vai produzir inflação no futuro. A afirmação foi feita pelo economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto em painel de debates com o economista americano Paul Krugman, durante evento em São Paulo. “Essa dificuldade [energética] reduz a disposição de investir dos brasileiros”.

Para Delfim, é preciso aumentar profundamente a confiança entre mercado e governo, já que este último tem tido dificuldade de entender como funciona o primeiro. “Essa diferença de entendimento prejudica fortemente nosso crescimento. E se não conseguirmos superar esse problema, que é nosso, vamos continuar patinando numa taxa de crescimento muito baixa”.

O economista nota que o crescimento depende do aumento da produtividade do trabalho e quem vai propiciar esse aumento é o setor privado. “Sem cooptar o interesse do setor privado, o desenvolvimento vai continuar como está.”

A contabilidade criativa e a inflação manipulada, disse Delfim, fizeram com que setor privado perde sse a confiança no governo. “Aquilo [a contabilidade criativa praticada no fechamento das contas de 2012] está na origem do desconforto com o governo. Aquilo foi demais até para mim que apoiava o governo”.

Ele lembrou ainda que o país passa novamente por um momento em que sustenta a maior taxa de juro real do mundo. “Insistimos em usar os juros como instrumento para controlar câmbio e a inflação e por meio disso destruímos o que tínhamos de talvez mais interessante, que é o setor industrial”, afirmou. Segundo ele, a valorização do câmbi o roubou a demanda externa e a supervalorização cambial roubou o mercado interno da indústria brasileira.

No mesmo painel de debates, Krugman afirmou que há um efeito corrosivo ao não se acreditar nas promessas do governo. “Mas isso não é a mesma coisa que dizer que precisamos de um governo menor. Ele pode ser intervencionista, mas precisa seguir as leis que criou. Precisa alimentar um ambiente de previsibilidade”, afirmou. Krugman descartou ainda uma bolha imobiliária no Brasil. “Não vejo nada nos dados brasileiros que digam que há uma bolha perigosa”.

(Fonte: Valor Online)

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