Há alguns meses, a expectativa era que a situação de congestionamento nos portos melhorasse durante a baixa temporada deste ano (de janeiro a março).
Havia uma projeção de que, durante este período de menor demanda, as filas fossem reduzidas e houvesse a liberação de 12% a 15% da capacidade global de contêineres, que atualmente está “presa” em congestionamentos portuários.
Segundo a consultoria Solve Shipping, essas perspectivas, foram frustradas. As novas ondas da variante Ômicron, em janeiro, já vinham gerando atrasos nas operações e, agora, com a guerra, a previsão volta a ser de caos na logística global neste ano.
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Os principais grupos de navegação já suspenderam as reservas de carga para importações e exportações da Rússia — algumas empresas mantiveram operações parciais para transportar bens essenciais. Muitos portos também não estão recebendo as embarcações russas.
Porém, como se tratam de viagens longas, há uma série de navios em trânsito, que deixaram os locais de origem antes da declaração das sanções, e que provavelmente não conseguirão completar a viagem. A situação deverá gerar uma nova onda de filas nos portos e armazéns. Há expectativa de problemas principalmente no Norte da Europa, onde é feito o transbordo das cargas russas. As viagens de contêineres entre Brasil e Rússia, por exemplo, passam pelos portos europeus.
Para o comércio brasileiro, a expectativa é que os efeitos negativos da guerra se darão no médio prazo. No caso da importação de fertilizantes — principal produto comprado da Rússia -, as empresas de logística já veem uma leve redução dos pedidos, mas a percepção é que não haverá impacto de imediato ao agronegócio. Caso a guerra perdure esse peso deverá vir mais nas safras de verão, em outubro.
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Os operadores logísticos também já perceberam uma queda nos pedidos de itens exportados à Rússia e à Ucrânia, como carnes e amendoim, mas a previsão também é de efeitos mais significativos no médio e longo prazo, a depender da extensão das sanções.
Para o Centronave, entidade que reúne as grandes companhias de navegação, a preocupação mais evidente neste momento é o rápido aumento dos custos de combustíveis.
Trata-se de um efeito que impacta todo o setor logístico, desde navios de longo curso até caminhões que abastecem a demanda interna. Os operadores já vêm sofrendo com a disparada do preço de combustíveis desde o ano passado, e a tendência é que o problema persista em 2022.
Já quanto ao preço dos fretes marítimos, já bastante pressionados, não há expectativa de que a guerra provoque um grande aumento, mas os valores seguirão altos neste ano.