JornalCana

Célula a combustível nacional entra em operação

A primeira célula a combustível desenvolvida com tecnologia brasileira começou a funcionar ontem, com índice de nacionalização de 80% nos materiais utilizados.

O ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, deu a partida no funcionamento da célula a combustível desenvolvida pela Eletrocell, uma empresa que faz parte do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), que funciona na Universidade de São Paulo.

Depois da partida, parte das instalações elétricas do prédio do Cietec passou a ser abastecido com os 50 kW de potência instalada do novo equipamento.

A célula a combustível transforma energia química em elétrica, usa hidrogênio e pode funcionar com álcool combustível, biodiesel, gás natural e outros combustíveis. O projeto foi custeado pelo governo federal e por verba da iniciativa privada.

A AES Eletropaulo investiu R$ 1,75 milhão no desenvolvimento da célula e espera que a tecnologia do hidrogênio na geração de energia possa ser viável comercialmente em cinco anos no País, primeiramente em uso estacionário, que funciona como um gerador.

“Em cinco anos, talvez nós possamos ter células a combustível competitivas para uma escala em geração estacionária, em hospitais e condomínios que estejam ligados à rede de distribuição, por exemplo”, afirma Eduardo Bernini, presidente da Eletropaulo.

A primeira célula tem capacidade de gerar 50 kW a um custo de US$ 1,4 mil o kW, diz Gerhard Ett, diretor da Eletrocell e engenheiro responsável pelo projeto da célula a combustível.

Segundo ele, o objetivo é baixar o custo de obtenção da energia para algo em torno de US$ 1,25 mil o kW. O diretor diz que, no projeto desenvolvido, houve nacionalização de componentes, como membranas de teflon utilizadas nas células a combustível, anteriormente importadas.

“Tivemos apoio e colaboração do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe), o que possibilitou 80% de índice de nacionalização nos equipamentos e 100% na tecnologia”, diz Ett.

Desenvolvimento da tecnologia

Segundo o diretor da Eletrocell, inicialmente a célula a combustível, que opera em módulos de 10 kW, terá capacidade de gerar 30 kW e deverá chegar aos 50 kW de potência instalada, o que é suficiente para abastecer 1.250 lâmpadas incandescentes de 40 W de potência cada e também calor. O equipamento poderá ser acionado com o uso de álcool combustível, gás natural e outros combustíveis.

Além do dinheiro da Eletropaulo, que saiu da verba de 0,5% da receita que deve ser investida em pesquisa e desenvolvimento, o projeto da célula a combustível também contou com apoio financeiro da Finep e da Fapesp, órgãos do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e do governo do estado de São Paulo.

Segundo o ministro Eduardo Campos, o principal objetivo do governo federal é que o Brasil desenvolva plenamente a tecnologia de células a combustível e participe da corrida pela exploração do hidrogênio na geração de energia.

“No momento, o uso comercial desta tecnologia não é viável em nenhum lugar do mundo em escala comercial e o importante é participar desta corrida em condições de igualdade.”

Segundo ele, o MCT vai investir R$ 8 milhões nos projetos de pesquisa sobre hidrogênio para geração de energia entre 2004 e 2005. Segundo Campos, o dinheiro será usado na capacitação de recursos humanos (R$ 4,5 milhões) e equipamentos (R$ 3,5 milhões). O ministro disse que o governo terá um programa de isenção fiscal para empresas que investirem em projetos inovadores.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram