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Cartas & Opiniões – Crise do álcool e indefinição

A entressafra da cana-de-açúcar está terminando e os motivos do aumento do preço do álcool combustível e da diminuição na mistura com a gasolina persistem. Nada se fez (a não ser inúmeras reuniões e promessas) e pelo visto nada se fará, e daqui a dez anos meus netos estarão falando desse mesmo assunto. A única coisa concreta foi o aumento dos combustíveis, o que, diga-se de passagem, interessa aos estados e ao governo federal, pois aumenta ainda mais sua arrecadação. Alguém, por acaso, viu algum governador ou autoridade federal reclamando do aumento dos preços dos combustíveis? Quem é do meio está “careca” de saber que a solução para problema de abastecimento de álcool na entressafra é de uma simplicidade franciscana. Deixemos de lado essa discussão se o álcool deve ser tratado como commodity – claro que é. Deixemos de hipocrisia e enfrentemos a realidade; quem em sã consciência vai deixar de vender o produto no mercado internacional em torno de US$ 580/m³ para vendê-lo no mercado interno por quase metade do preço? Não podemos esquecer que é o próprio governo federal que vem incentivando a exportação do etanol, já que o mundo está ávido por esse combustível renovável, limpo e barato, e nesse assunto nenhum país está acima do Brasil; para o que produzirmos teremos compradores fiéis.

Nesse sentido, é interessante que nos reportemos à matéria publicada pela Gazeta Mercantil,”Consumo de álcool cai 20% em março” (15/3, página B-12), na qual o presidente da Unica, Eduardo de Carvalho, declarou: “(…) Bastaria um sinal de Brasília e a Petrobras passaria a formar um sistema de parceria com as usinas, garantindo assim a oferta do produto, quando a produção caísse (…)”. Segundo o sr. Eduardo de Carvalho, “(…) o que o falta é vontade política de solucionar o problema (…)”, com o que concordo plenamente. A lúcida declaração do presidente da Unica é corroborada pelo diretor da Transpetro (subsidiária da Petrobras), Marcelino Guedes, que disse “(…) Bastaria um telefonema de Brasília”. Ainda de acordo com a matéria, “(…) A estatal dispõe de infra-estrutura de tanques com capacidade para a formação de estoques suficientes para atender ao mercado (…)”. Se tudo é favorável à solução do problema, por que o governo federal arrasta-se em indecisões? No seminário “Governança Pública e Privada com Ética e Sustentabilidade”, organizado pelo Grupo de Líderes Empresarias (Lide) com o apoio da Gazeta Mercantil e da revista Forbes, conforme publicado na matéria, “o Brasil precisa redefinir as esferas pública e privada” (edição de 15/03, página B-3). “(…) Uma pesquisa realizada pela Lide em parceria com a fundação Getúlio Vargas mostrou que o clima empresarial melhorou em relação à novembro de 2005. Já a questão da eficiência gerencial do governo federal permaneceu na coluna reservado ao ruim.” Não é preciso dizer mais nada.

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