Mercado

Carros flexíveis frearão reajuste, diz Petrobras

O crescimento da participação dos carros bicombustíveis vai agir como “limitador” da capacidade da Petrobras de aumentar o preço da gasolina na refinaria, avalia o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Para ele, esse tipo de automóvel servirá como regulador. “O consumidor passa a ter escolha”, diz. “Vai limitar a capacidade do reajuste [da gasolina]”, afirmou. Segundo ele, a Petrobras já está analisando o impacto, a longo prazo, que o crescimento do número de carros bicombustíveis terá na venda de gasolina.

Os números das distribuidoras mostram que os consumidores optam cada vez pelo álcool, mais barato, que teve um crescimento de vendas bem maior que o da gasolina em relação ao ano passado. Entre janeiro e julho, as associadas do Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustível, 79,2% do mercado) venderam 9,658 bilhões de litros de gasolina e 1,296 bilhão de litros de álcool hidratado. Em relação ao mesmo período de 2004, houve alta de 1,62% para a gasolina e 8,74% para o álcool. Ou seja, as vendas de álcool cresceram mais de cinco vezes em relação às da gasolina.

Apesar de a participação dos carros bicombustíveis na frota total de veículos ainda ser pequena, o ritmo de crescimento vem aumentando muito rapidamente. Lançados em março de 2003, os bicombustíveis foram 62% dos carros novos vendidos em agosto, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos). De janeiro a agosto, a participação média foi de 41,1% do mercado de carros novos, com 471.501 unidades. Somados com os números de bicombustíveis vendidos em 2003 e 2004, a frota se aproxima de 840 mil veículos, ou 3,8% da frota estimada de 22 milhões de carros.

Termelétricas

Ontem o presidente da Petrobras também disse que, até 2010, a estatal deverá ter concluído investimentos para garantir o abastecimento das termelétricas com gás natural. A estatal deverá investir, junto com outras empresas, cerca de US$ 14,8 bilhões no setor entre 2006 e 2010. Com o investimento, deverá ser concluído o gasoduto do Nordeste. O cronograma da Petrobras casa com os estudos do governo, que apontam para um encontro entre demanda e oferta de energia para 2010. Hoje as termelétricas do PPT (Programa Prioritário de Termeletricidade) não podem gerar toda a energia de que são capazes por não haver oferta suficiente de gás. Em janeiro de 2004, após crise no abastecimento de energia no Nordeste, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) verificou que as termelétricas do PPT podiam gerar 409 MW médios, e não os 1.195 MW médios com os quais o governo contava. Ou seja, tinham 34% da capacidade esperada, por falta de gás. Pelas regras do PPT, o gás deveria vir da Petrobras.

Argentina

Ontem, Petrobras e Eletrobrás assinaram acordo de cooperação técnica. A Petrobras disse que tentará vender para a Eletrobrás sua participação na Transener, transmissora de energia na Argentina. A venda da participação é uma exigência do governo argentino, porque a transmissora fazia parte da Perez Companc, companhia de petróleo argentina também comprada pela Petrobras, em 2002. Para que o negócio entre as estatais brasileiras aconteça, porém, o Congresso brasileiro precisa aprovar lei autorizando a Eletrobrás a investir no exterior.

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