Num momentoe as vendas do carro elétrico começam a arrefecer, em detrimento dos veículos híbridos no mercado norte-americano, segundo publicação do New York Times, o consultor Paulo Herrmann, ex CEO da John Deere Brasil, avalia que a vinda do carro elétrico no Brasil trata-se de “um modismo” desnecessário.
“Esse negócio de carro elétrico é um grande modismo sobre a ótica brasileira. É um modismo que alguns fabricantes, principalmente os europeus, tentam impingir aqui, para diluir o custo de investimento e desenvolvimento deles”, afirmou Herrmann, durante participação no “Conexão Campo Cidade”.
Segundo Herrmann um país que tem a matriz energética e elétrica como a brasileira, aderir ao carro elétrico é uma aventura.
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“A matriz elétrica brasileira é fortemente dependente das hidrelétricas. As hidrelétricas, como todo mundo já viu, dependem das chuvas que são irregulares e volta e meia nós estamos com bandeira vermelha por insuficiência de energia elétrica, para atender nosso consumo básico. Agora, imagina se nós vamos crescer 5% ao ano e ainda pendurar essa bugiganga aí de carro elétrico. Todo mundo vai pra bandeira vermelha e blackout. E não há a menor possibilidade de se imaginar que nós vamos aumentar as hidroelétricas com todo esse aparato ambiental que tá armado aí. Então esse é o primeiro ponto: ela é inviável do ponto de vista de suprimento de energia”, afirma o consultor.
Para Herrmann o Brasil já conta com uma alternativa sustentável, viável e com tecnologia e infraestrutura já estabelecida de longa data: o etanol. “Um país como o nosso, que desde 1929 já trabalha com uso de etanol em veículos e que produz 100% dos carros no sistema de bicombustível de Flex Fuel, é absolutamente desnecessário qualquer outra iniciativa, se quisermos seriamente sermos sustentáveis”, ressaltou.
Ele também chama a atenção para a questão da real sustentabilidade das baterias que movimentam esses veículos.
“A bateria num veículo normal pesa 15 kg e já é um problema. A bateria do carro elétrico pesa entre 400 e 500 Kg num carro médio, cujo destino jamais saberemos aonde irá parar e cuja lavra dos materiais, dos minérios que vão lá dentro vem da África e de outros países, onde os europeus não querem saber onde está a pegada de carbono, mas ela existe. Então não faz sentido nenhum brasileiro olhar para isso aí”, avalia o especialista.
Segundo a Gavekal, respeitada firma de análise independente sediada em Hong Kong, a demanda por veículos elétricos está começando a estagnar, tanto na China quanto no resto do mundo. As famílias chinesas, por exemplo, estão mais propensas a comprar carros híbridos – primeiro porque não encontram muitos estacionamentos onde podem carregar os veículos, mas também porque começaram a perceber que o mercado de veículos usados elétricos é ainda pior que o dos carros a combustão.
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“As pessoas se preocupam com a vida útil das baterias – substituir uma bateria é quase tão caro quanto comprar um carro novo – e as melhorias contínuas na tecnologia das baterias significam que os carros com apenas alguns anos já estão obsoletos. Este obstáculo será eliminado quando a substituição das baterias se tornar mais barata e mais eficiente. Mas esse momento ainda não chegou, avalia a consultoria.