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Caribe atrai usinas brasileiras

A Crystalsev se associou à Cargill e à Compañia Azucareira Salvadoreña (Cassa) para construir uma destilaria de álcool em El Salvador. Com investimentos estimados em dez milhões de dólares, a unidade entrará em operação no próximo mês de março e terá capacidade para produzir 200 milhões de litros de álcool por ano. Pretendemos atender o mercado local, que estuda a adição do álcool à gasolina, e também exportar parte da produção para os Estados Unidos, diz João Carlos Figueiredo Ferraz, presidente da Crystalsev, companhia que comercializa a produção de nove usinas de açúcar e álcool da região Centro-Sul do Brasil.

Esta é a terceira parceria entre a Crystalsev e a Cargill. As duas companhias são sócias em um terminal de exportação de açúcar a granel instalado no Guarujá, SP, e em outro de açúcar ensacado situado em Santos, SP. Com a empresa caribenha trata-se da primeira iniciativa conjunta. O investimento faz parte da estratégia da Crystalsev de ampliar negócios no exterior, uma vez que a demanda por álcool lá fora é crescente.

Após se consolidar no mercado mundial como maior exportador de açúcar, o Brasil vai também ganhando destaque nas vendas externas de álcool. Este ano as exportações brasileiras do produto devem superar o volume de 1,7 bilhão de litros, o dobro do total embarcado no ano passado.

Até 2010 a demanda adicional será de dez bilhões de litros de álcool, estima Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica — União da Agroindústria Canavieira de São Paulo. No mesmo período o consumo mundial de açúcar crescerá sete milhões de toneladas. Entre 2000 e 2004 as exportações brasileiras de açúcar cresceram 30% em volume e 40% em receita, devendo se situar em 14,5 milhões de toneladas este ano. A receita está estimada em 2,34 bilhões de dólares no período.

Perfil

A nova destilaria a ser instalada em El Salvador será uma desidratadora de álcool, ou seja, transformará o hidratado em anidro. As três companhias terão participação de um terço do negócio.

Uma das maiores exportadoras de álcool do Brasil, com média de 250 milhões de litros embarcados por ano, a Crystalsev opera no Caribe há dois anos. Os países do Caribe são beneficiados pela Iniciativa da Bacia do Caribe – Caribbean Basin Initiative (CIB), programa criado na década de 70 para estimular o desenvolvimento do parque industrial do Caribe. O programa isenta de taxas as vendas caribenhas ao mercado americano. Por esse programa, os EUA compram 7% da demanda de álcool de seu país da região do Caribe.

Além disso, El Salvador também é beneficiado pelo Cafta – acordo de livre comércio com a América Central. Estes acordos tornam o Caribe altamente atrativo para as empresas brasileiras. Em novembro, a Coimex Trading anunciou que instalará uma desidratadora na região. A companhia está construindo uma destilaria na Jamaica, com capacidade de 150 milhões de litros por ano. Os investimentos no projeto são estimados em dez milhões de dólares. As projeções são de que a produção atinja 300 milhões de litros de álcool em um ano e meio, a partir de fevereiro, quando a nova destilaria entrará em operação.

A Coimex pretende exportar todo o álcool industrializado na Jamaica aos EUA, o segundo maior produtor de álcool do mundo, depois do Brasil. A produção americana está estimada em 13 bilhões de litros de álcool. O milho é a principal matéria-prima utilizada pelos norte-americanos para fabricação de álcool naquele país. O Brasil produzirá 15,5 bilhões de litros de álcool na safra 2004/05.

Safra

Segundo levantamento da safra no Centro-Sul, realizado pela Unica, o mix de produção aponta destinação de 58% da matéria-prima para produção de álcool e 42% para açúcar. A entidade prevê moagem superior a 320 milhões de toneladas de cana, e chegar a 330 milhões de toneladas, caso o clima se mostre favorável.

Até o início de dezembro, 312,4 milhões de toneladas de cana haviam sido processadas, o que representa volume 4,3% superior aos números da safra anterior. A produção de açúcar atingia 21,4 milhões de toneladas, alta de 4,78%. A fabricação de álcool era de 12,8 bilhões de litros, 1,8% menor que o ano passado. O álcool hidratado, usado como combustível, teve alta de 17% na produção.

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