Mercado

Cargill faz parceria para crescer em algodão na Bahia

Mônica Scaramuzzo

A americana Cargill está prestes a fechar contrato para comprar toda a produção de algodão produzida pela Brazil Iowa Farm (BIF), companhia com sede em Iowa (EUA) que possui fazenda no oeste da Bahia – a segunda maior região produtora de algodão do país. Se confirmado, o contrato inicial valerá por três anos e marcará a retomada efetiva da Cargill nos negócios de pluma no Brasil.

A relação comercial entre as duas empresas começou em 2005, e agora a Cargill quer fechar um acordo comercial para adquirir com exclusividade toda a produção do grupo de investidores americanos para ganhar escala. Gigante em soja, óleo e farelo no Brasil, a Cargill atua também na comercialização de açúcar e álcool, fertilizantes e trigo. Há dois anos, a multinacional voltou a comercializar algodão no Brasil, mas em pequena escala. A empresa pretende avançar nesta frente e já conta com estrutura de armazenagem em Rondonópolis (MT).

John Zulk, diretor financeiro da BIF, afirmou que a companhia começou a investir em algodão no Brasil em 2004, quando adquiriu as primeiras terras no país. Formada por cerca de 300 investidores americanos, a BIF decidiu investir na agricultura brasileira por considerá-la promissora. Entre os investidores da companhia está a própria Cargill, que negociou recentemente uma participação na BIF. As duas empresas confirmaram a nova negociação, mas não detalharam o negócio. O Valor apurou que a Cargill é acionista minoritária da BIF com 3% de participação.

A BIF não mantém produção agrícola nos EUA. Todas as fichas foram jogadas no Brasil, já que os custos de produção no país são mais baixos em relação aos do mercado americano, disse Zulk.

Atualmente, a BIF possui uma área de 29 mil acres (11,736 mil hectares) no município de São Desidério, no oeste baiano, dos quais 22,4 mil acres (9,065 mil hectares) estão em produção. Deste total, 17 mil acres (6,880 mil hectares) estão ocupados com algodão, 3,4 mil acres (1,376 mil hectares) com soja e outros 2 mil acres (809 hectares) com milho. A produção de algodão em pluma da empresa está estimada em 24 mil toneladas.

A intenção, conforme Zulk, é ampliar as lavouras com algodão e grãos no país com a aquisição de novas fazendas na região do oeste baiano. A BIF não possui participação direta ou indireta em qualquer empresa no Brasil.

Uma das principais regiões produtoras de algodão do país, atrás do Mato Grosso, o oeste baiano deverá colher nesta safra, a 2006/07, 378 mil toneladas de algodão em pluma, volume 26% maior que o ciclo anterior. A área plantada da região é de 270 mil hectares, 27,3% superior a do ciclo 2005/06, de acordo com João Carlos Jacobsen Rodrigues, diretor da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão). Cerca de 50% da produção da região é exportada.

Jacobsen lembrou que a Brazil Iowa Farm (BIF) não é o única empresa estrangeira que investe em algodão e grãos no Estado. “Temos investidores portugueses com tradição em algodão e também holandeses”, disse. Na atual safra, a colheita nacional de algodão deverá chegar a 1,3 milhão de toneladas. A exportação da pluma deve ficar em até 600 mil toneladas.

http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/Cargill+faz+parceria+para+crescer+em+algodao+na+Bahia+,,,179,4149903.html

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