Canaviais de 9 cidades têm clareiras misteriosas

Pelo menos nove cidades do Interior do Estado de São Paulo registraram, desde janeiro, o aparecimento de estranhos sinais encontrados em meio a plantações de cana. Os sinais estão deixando curiosos e ao mesmo tempo amedrontados os moradores desses municípios, localizados em um raio de 200 km de distância de Ribeirão Preto. A localização dos sinais é sempre acompanhada de relatos da presença de luzes e objetos voadores iluminados não identificados.

Agricultores, na maioria dos casos, já encontraram dezenas destas clareiras em Riolândia, Gavião Peixoto, Descalvado, Jaboticabal, Santo Antonio da Alegria, Rio Claro e Ribeirão Preto, além de Araraquara e Monte Azul Paulista. Nos locais, a cana aparece deitada, sem estar quebrada, em trechos com as mais variadas formas e sem qualquer sinal de que tenha sido queimada ou forçada.

Também não há sinais de máquinas que possam ter entrado no meio das plantações. O fenômeno atraiu a atenção de estudiosos em ufologia, além de curiosos. A pousada Piapara, em Riolândia, onde tudo começou, cobra R$ 10,00 de entrada para quem quiser ver as marcas.

Os especialistas ainda não identificaram um elo entre as ocorrências, mas afirmam que, no caso das clareiras, não se trata de fenômeno atmosférico comum (vento, por exemplo) ou de ação humana.

Segundo o ufólogo Ari José Mallmann Homem, que estuda o assunto há 30 anos e esteve em Marcondésia, distrito de Monte Azul Paulista, onde uma clareira surgiu na terça­feira da semana passada, a cana parece ter passado por um processo fotoquímico.

Não se pode afirmar nada ainda, é preciso separar o que é real do que é imaginação. Já tinha visto algo parecido em Cravinhos, há dez anos, mas lá foi um cafezal e houve várias testemunhas que viram um objeto luminoso que emitiu uma luz?, disse Homem.

De acordo com o ufólogo, não se trata de ação de vento ou redemoinho. Descartaria isso, um mini­ciclone não faria um estrago tão uniforme e se perceberia por onde ele andou dentro do canavial, outro ponto é que a cana é muito rígida, se você pisa, ela quebra, e pelo que vi, elas estavam entortadas, como se tivessem sido aquecidas e dobradas, é diferente de uma simples ação do vento?, disse ele.

A Defesa Civil do Estado afirmou que, no período, não houve qualquer registro de fenômenos naturais que possam ter provocado as mudanças. Esta semana, três cidades ? Jaboticabal, Gavião Peixoto e Santo Antônio da Alegria ? estão investigando casos de clareiras misteriosas.

Em Araraquara, na manhã de sábado passado, vizinhos de um canavial de um hectare encontraram as mudas de cana­de­açúcar deitadas rente ao solo formando um círculo de aproximadamente 20 metros de diâmetro ? as plantas estavam tombadas, mas não havia quebra nos pés ou dano em flores e plantas próximas.

Céia Bezerra, de 30 anos, e o marido Carlos Alberto Bezerra, de 38, foram os primeiros a ver a mudança no canavial que fica em frente da casa deles. ?Quando encontramos, estava só deitada, o que quebrou foi depois que as reportagens e os curiosos começaram a vir aqui?, contou Céia. A vizinha disse ainda que nos 14 anos em que mora na área, nunca tinha visto nada do tipo. ?Vai saber o que fez isso, a gente nunca pensa que vai acontecer tão perto e em uma área tão pequena?, disse.

A proprietária do terreno, Andréia Cristina Fernandes, de 25 anos, disse que antes do episódio não acreditava em óvnis, mas que agora já começa a ponderar a questão. ?Se fosse vento, viria de algum lugar e viria devastando, mas está tudo intacto em volta, estava tudo fechado, a entrada para a clareira fomos nós que fizemos, no dia que aconteceu a cana estava estendida, como se algo tivesse deitado sobre, não posso afirmar que foi disco voador, mas foi algo anormal?, disse ela.

Vento

O Aeroporto de Araraquara registrou ventos máximos de cinco quilômetros na madrugada da ocorrência. À noite, pessoas em diversos pontos da cidade teriam visto uma luz girar no céu sem feixe que a ligasse a terra. O motoboy Marco Antônio Leite, de 32 anos, contou que viu uma luz branca girando e achou que fosse um canhão de luz. Já liguei em todos os clubes e ninguém teve evento naquele dia, estava com minha namorada e dois amigos meus que estavam em pontos diferentes da cidade viram também, mas ninguém viu o feixe, só o clarão girando entre as nuvens?, disse Leite.

Marcelo Renato Motta, de 31 anos, comerciante de São Carlos, viajou até Araraquara só para ver a clareira. Ele conta que já chegou a ver luzes no céu em duas ocasiões uma em uma viagem a Barra das Garças (MT) e outra em São Carlos mesmo, e que isso teria despertado o interesse dele pelo tema. São só 40 quilômetros de distância, não dava para não vir, disse.

Casos tiveram início em Riolândia e são estudados

A série de relatos teve início no dia 19 de janeiro, quando surgiu o primeiro dos misteriosos círculos nos canaviais de Riolândia, no Oeste paulista, com 60 metro de diâmetro.

Desde então, a cidade tem recebido ?visitas? constantes e já há cerca de 20 relatos de ocorrências similares. Objetos esféricos que emitem luzes azuis e vermelhas seriam os responsáveis pela cana deitada. Na segunda­feira de Carnaval, foi a vez de Ribeirão Preto, onde, próximo ao bairro Ribeirânia, foram registradas imagens de luzes brilhantes e borradas, que seriam emitidas por dois focos no céu de tamanhos diferentes. Luzes também teriam sido vistas em Descalvado e Rio Claro, mas não há filmagens dos eventos. Especialistas em ufologia (estudo de óvnis), agrônomos e meteorologistas estiveram na região para colher relatos, amostras de terra e cana, que estão sendo analisados ? em tese, a o ?pouso? ou aproximação de naves espaciais causaria uma alteração na composição química e magnética do solo dentro das clareiras. ?Uma coisa que costuma acontecer é a orientação de partículas de metal mudar quando se compara o lado de fora com o de dentro da clareira, outra alteração é que o solo pode vitrificar se o objeto chega próximo ao solo, além disso, procuramos indícios de radiação e mudança do ph do solo?, disse Homem. (Da Gazeta de Ribeirão)