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Cana volta a atrair investimentos

Enquanto a soja segue um ritmo acelerado de ganho de produtividade em Mato Grosso, outra cultura avança rápido e não mais de forma tão silenciosa. A crise financeira internacional diminuiu flagrantemente o ritmo de investimento das usinas de cana-de-açúcar no Estado, mas já há sinais retomada.

Mato Grosso ainda está longe de ser considerado um grande produtor de cana. O último dado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que na safra 2009/10 serão cultivados 194,2 mil hectares no Estado, dos quais uma parcela representativa está concentrada na região sudoeste. Mas os projetos estão em curso.

A unidade da Brenco no município de Alto Taquari, por exemplo, deve iniciar a moagem de cana já nesta safra, a partir de agosto. A companhia deveria ter começado a moer a cana plantada na região sul do Estado, perto da divisa de Goiás e Mato Grosso do Sul, em março do ! ano passado, mas a crise financeira e algumas falhas no planejamento atrasaram o projeto.

Menos de 200 quilômetros adiante, já em Goiás, a Cosan instalou em Jataí uma unidade com capacidade para 4 milhões de toneladas. Entre Alto Taquari e Jataí está a cidade de Mineiros (GO), que também tem se mostrado um importante produtor de cana.

Há 20 mil hectares de cana já plantados na região de influência dos projetos da Cosan e da Brenco – que está em vias de se unir à ETH, do grupo Odebrecht -, e a expectativa é que nos próximos dois anos essa área pelo menos dobre, para perto de 40 mil hectares. A unidade da Brenco é capaz de moer a colheita de 50 mil hectares de cana. Hoje, em Alto Taquari, a estrela é a soja, que já ocupa 50 mil hectares.

Em Mato Grosso, o avanço da cana-de-açúcar é motivo de otimismo e preocupação. “Temos a preocupação de tentar evitar a criação de uma monocultura, mas acredito que as leis de mercado tendem a equilibrar essa situação”, afirma ! Luis Carlos Sperandio, presidente do Sindicato Rural de Alto Taquari.

As leis de mercado às quais Sperandio se refere se resumem ao preço de arrendamento das terras. A região de Alto Taquari tem um dos melhores solos do Estado, o clima é bom para o plantio e a soja tem muita concorrência com o algodão e a própria cana. Segundo Sperandio, também ele produtor, as usinas pagam em média 14 toneladas de cana para cada hectare arrendado, a um preço próximo de R$ 40 por tonelada. Para não perder espaço, o arrendamento para soja e algodão paga 15 sacas por hectare a um preço médio de R$ 30 por saca, um dos mais altos de MT, já que em algumas regiões do Estado os arrendamentos oscilam entre sete e nove sacas por hectare.

Um dos motivos para que a cana-de-açúcar não tenha avançado de forma mais rápida é o prazo do contrato com as usinas. As primeiras propostas feitas pela Brenco previam que as terras seriam utilizadas para o cultivo de cana por 12 anos, ou seja, dois ciclos d! a cultura – a cana permite seis cortes por ciclo. Por se tratar de uma empresa e de uma cultura novas na região, muitos produtores foram cautelosos e ainda não cederam.

Além disso, a Brenco também enfrentou problemas de liquidez com a crise internacional. A empresa atrasou pagamentos das terras arrendadas e teve cheques devolvidos, segundo o presidente do sindicato.

“De qualquer forma, acreditamos que com a redução dos prazos dos contratos e o aumento do preço do valor do arrendamento possam incentivar os produtores a ceder áreas para cana”, afirma Sperandio. O produtor cita como exemplo as áreas mais tradicionais no cultivo, como São Paulo, onde as usinas pagam até 30 toneladas por hectare arrendado. “Com esse patamar de preço, quem não arrendaria as terras de grãos para cana”, pergunta. (AI)

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