JornalCana

Cana transgênica poderá ser comercializada em três anos no país

img10291

Todo produtor sonha com a cana-de-açúcar ideal nos quesitos produtividade, resistência à pragas e doenças, estresses hídricos e eficiente na absorção de nutrientes. A boa notícia é que há diversos institutos de pesquisas que apostam na transgenia como a solução para esses e tantos outros problemas da atualidade. Recentemente, o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira anunciou que até 2017 a primeira variedade de cana geneticamente modificada resistente à broca, praga que tem causado inúmeros prejuízos à lavoura, deverá chegar ao mercado brasileiro. O instituto informa que atualmente os experimentos com a variedade, denominada cana BT, estão em fase de Casa de Vegetação (estufa), que é um estágio anterior aos testes no campo. 

A infestação da praga representa a perda potencial estimada em R$ 370 por ha/ano, de acordo com o CTC. Em recente entrevista à Unica, Jorge Luis Donzelli, gerente de pesquisa e desenvolvimento do CTC, explica que a broca infesta a cultura, reduzindo a produtividade agrícola e qualidade da matéria-prima a ser industrializada, representando perdas globais de 15% (cana, açúcar e etanol). Hoje, há regiões como no oeste paulista que possuem alto índice de infestação de até 40% em algumas áreas cultivadas.

De acordo com a pesquisadora do Centro de Cana do IAC, Leila Dinardo-Miranda, a broca da cana vem aumentando há alguns anos em decorrência da colheita mecanizada de cana crua com resultados de “populações” ou infestações altas em algumas regiões. “Essa praga voltou com populações altas por diversos motivos. A descapitalização do setor contribuiu para a falta de um controle bem feito, além disso, hoje há variedades mais suscetíveis, sem contar a colheita de cana crua que também contribuiu”.

Outras pesquisas

Monalisa Sampaio Carneiro, pesquisadora do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, diz que são várias as instituições que desenvolvem pesquisas em biotecnologia na área da cana, entre elas está a UFSCar, através da Ridesa. “Os pesquisadores seguem duas vertentes importantes em cana-de-açúcar. A primeira, a cana transgênica. Todos os grupos estão buscando obtê-la em diferentes características: tolerância à seca, resistência a insetos, aumento do teor de açúcar, entre outros ganhos. A biotecnologia pode, por meio da transgenia, introduzir genes que aumentem o teor de açúcar, por exemplo, e por ganhar em produtividade utilizando a mesma área”, explica.

Dados do relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), indicam que até o ano passado, o Brasil ocupava o segundo lugar no ranking de área plantada com transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos. Hoje o país possui mais de 36,6 milhões de hectares cultivados com soja, milho e algodão transgênicos. Em 2012, pelo quarto ano consecutivo, a agricultura brasileira foi a que mais impulsionou o crescimento mundial da área plantada com variedades geneticamente modificadas (GM), com aumento de 21% na comparação com 2011, com a marca recorde de 36,6 milhões de hectares, ou seja, um incremento de mais 6,3 milhões.

Cana transgênica no mundo

Uma pesquisa realizada na Indonésia durante 12 anos resultou no desenvolvimento de uma cana transgênica resistente à seca e já virou realidade. Segundo os pesquisadores do país, a variedade vai permitir o plantio em áreas sujeitas a estresse hídrico em algum grau, além de produzir um melaço de melhor qualidade. A empresa detentora da tecnologia, da primeira biotecnológica aprovada em nível global, afirma que poderá começar a ser vendida em 2014, após o parecer da avaliação de biossegurança alimentar do país.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram