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Cana paulista empurra bacia leiteira para Minas e Paraná

O censo agropecuário feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) este ano revela que houve mudança na bacia leiteira brasileira. Minas Gerais continua sendo o principal produtor, com 6,3 bilhões de litros, mas São Paulo, então o segundo maior, hoje ocupa a sexta posição do ranking. O segundo lugar ficou com Goiás (2,5 bilhões), seguido de Rio Grande do Sul (2,3 bilhões), Paraná (2,1 bilhões) e, por fim, São Paulo (1,7 bilhões).

Enquanto os outros estados aumentaram a produção numa média nacional de 3% ao ano, a produção paulista caiu 15% desde 1997, quando atingiu o ápice de 2 bilhões de litros. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite , Jorge Rubez, a explicação está no avanço da cana-de-açúcar, que tomou o lugar das pastagens.

“Os proprietários de terra ganham mais em São Paulo se a alugarem para o plantio da cana”, diz. “Como aconteceu com o restante do agronegócio, a produção brasileira de leite crescerá no cerrado brasileiro, seja goiano, mineiro ou mato-grossense.”

O presidente, no entanto, acredita que as terras roxas do Triângulo, propícias para agricultura, e, em especial, a própria cana, não devem permanecer por muito tempo produzindo leite. “Assim que o oeste paulista começar a esgotar sua capacidade, o Triângulo deve receber os investimentos dos usineiros”, aposta.

De fato, a região tem sete novos projetos para produção de álcool e açúcar já em 2005, segundo produtores da região: Usina Triálcool, em Canópolis, Coruripe, em Iturama, Volta Grande, em Conceição das Alagoas, Usina Delta (ampliação), em Delta, Destilaria Fronteira, em Fronteira.

Galgando postos

Santa Catarina, um estado até então sem tradição em gado leiteiro (exceto a região de Chapecó), hoje produz 1,3 bilhão de litros, registra a maior taxa de crescimento do País (8% ao ano) e já ameaça tomar de São Paulo sua posição entre os maiores.

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Bovinos , Lucas Miura, enquanto no Brasil cada animal produz 1,3 mil litros de leite por ano, em Santa Catarina são 4 mil. “Crescemos 100 milhões de litros todos os anos”, afirmou.

Para o presidente Central Agromilk , Neivor Canton, maior cooperativa de laticínios de Santa Catarina, para atingir os 380 mil litros/dia de captação a empresa recorre a inúmeros pequenos produtores. “A captação melhorou com avanços nas ordenhas, no transporte a granel e no resfriamento. O rebanho catarinense cresceu em pequenas comunidades, de produtores que não têm a pecuária de leite como principal fonte de renda. Houve um efeito multiplicador que fez o salto dos últimos anos”, explica.

Ranking

A cidade que mais produz leite no Brasil hoje é Castro, no Paraná, sede da Cooperativa Agropecuária Castrolanda , com 113,88 milhões de litros anuais. A pequena Ibiá, em Minas Gerais (15 mil habitantes), entreposto de recepção da Nestlé no Triângulo Mineiro, fica em segundo, com 97,7 milhões. Piracanjuba, próxima de Goiânia (Goiás), é a terceira.

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