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Cana ocupa área de laranja e pastagens

Aumento do cultivo é explicado pelo melhor retorno de capital e menor investimento inicial. A área de cultivo da cana-de-açúcar cresceu 8,5% no estado de São Paulo nos últimos cinco anos. Com boas taxas de retorno e um investimento inicial relativamente baixo, se comparado com os custos iniciais de outras culturas, a cana-de-açúcar vem se expandindo há anos e, atualmente, ocupa terras antes destinadas ao cultivo de laranja e à pecuária de corte.

Levantamento realizado pela empresa de pesquisa Agricampus, com sede em Piracicaba (SP), revela que o capital inicial necessário para a formação de um hectare de cana-de-açúcar é 73% inferior aos custos iniciais da laranja e 36% menores que o volume de recursos iniciais utilizados pelo pecuarista de corte.

Pelos cálculos de Ricardo Perina, pesquisador responsável pelo “estudo comparativo da viabilidade da cana-de-açúcar, laranja e pecuária de corte”, realizado no mês de abril, para formar um hectare de cana-de-açúcar são gastos, em média, R$ 2.122, valor que sobe para R$ 3.320 na pecuária de corte e que chega a alcançar R$ 7.892,27 no caso do cultivo de laranja.

A alta rentabilidade da cultura também é levada em conta por produtores rurais no momento da decisão do plantio. Segundo levantamento de Perina, que tomou como base a avaliação dos preços médios históricos das três culturas, a taxa média de retorno da cana-de-açúcar se situa em 7,31%, enquanto a da laranja é de 6,01% e a do boi oscila em 3,27%.

Transportando estes indicadores para o cenário atual, onde a tonelada de cana-de-açúcar é negociada, em média, por R$ 40, o retorno da atividade se situa em 13,63%. No caso da laranja, os preços pagos ao produtor, que segundo Perina se situam atualmente em R$ 8,50 por caixa de 40,8 quilos, colocam a taxa média de retorno da atividade em 12,25%. Já a pecuária oferece retorno de cerca 2,83% sobre os R$ 67 pagos aos pecuaristas pela arroba do boi.

“A grande vantagem da cana é a rusticidade”, afirma o produtor João Thomaz Leal Pimenta, presidente da Associação dos Plantadores de Cana da região de Monte Aprazível (Aplacana). Pimenta que também trabalha com laranja, pecuária de corte e borracha, credita a expansão da cana à resistência que a cultura tem às mais variadas adversidades climáticas. “Ela aceita muito bem as intempéries, enquanto outras culturas são menos resistentes”, afirma.

Segunda destilaria

Pimenta mantém, além dos cerca de 800 hectares de cana, 500 hectares de pecuária de corte, 30 hectares de laranja e 120 hectares de borracha. “À medida que a cana se expande, a laranja se retrai. Nossa área de cultivo, que já somou 100 hectares, caiu 70%”,diz.

Na região de Monte Aprazível a área de cultivo de cana-de-açúcar cresceu 320% nas últimas três safras, saltando de 5 mil hectares em 2000, para 21 mil hectares na safra atual. “A chegada da segunda destilaria na região em 2001 impulsionou o plantio, que já representa 10% da atividade agrícola na região”, informa Pimenta.

Levantamento estatístico

Levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura de São Paulo, realizado entre 1997 e 2002, demonstra aumento de 8,5% da área de cultivo da cana-de-açúcar em São Paulo, para 2,66 milhões hectares em 2002. No mesmo período a produção cresceu 9,2%, saltando de 194,7 milhões de toneladas em 1997 para 212,7 milhões de toneladas em 2002. Já a área de cultivo da laranja caiu 2,4%, para 187,8 milhões de pés em 2002.

A produção de laranja no estado caiu 5,5%, para 361,7 milhões de caixas de 40,8 quilos na safra passada. Já as terras destinadas às pastagens sofreram redução de 1,7% em cinco anos, se situando em 8,5 milhões de hectares em 2002.

Os fatores que provocam a mudança do perfil agrícola do estado de São Paulo são diversos e vão desde o deslocamento de fronteiras agrícolas ao intenso investimento em tecnologia, que resulta em ganhos de produtividade. No caso da cana, o aumento da área se deve à alta rentabilidade do setor.

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