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Cana impulsiona negócios das indústrias

A WBA é uma pequena empresa que pertence a um grupo maior, o WB (Wood Brook), de Sertãozinho (SP), mas que tem um destaque gigante em seu negócio. A empresa produz redutores de velocidade, utilizados na transmissão de potência. Sem essa peça, é impossível extrair o caldo da cana para a produção de açúcar e álcool.

A empresa também fez parte de um consórcio de pequenas indústrias da região de Sertãozinho que exportou equipamentos para a construção de uma usina e refinaria de açúcar para o governo da Venezuela. Agora, a companhia poderá participar de outros projetos parecidos naquele país, afirmou Marco Stevanato, diretor da WBA. Recentemente, essa mesma empresa fechou um contrato com o grupo Nova América para fornecer os redutores de transmissão de potência para a nova usina do grupo no Mato Grosso do Sul.

O caso bem-sucedido da WBA ilustra bem o que acontece na região de Sertãozinho e Piracicaba, considerados dois importantes pólos industriais que atuam direta ou indiretamente para o setor sucroalcooleiro, com o fornecimento de peças e equipamentos para construção de usinas.

Os pesados investimentos no setor sucroalcooleiro, impulsionados, sobretudo, pela forte demanda global pelo álcool, conta com quase 100 projetos de novas usinas e aportes estimados em US$ 17 bilhões, de acordo com levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Esse bom momento do setor está beneficiando essas pequenas e médias indústrias que fornecem equipamentos e peças para usinas.

Em Sertãozinho, há cerca de 550 indústrias, das quais 90% são voltadas para o açúcar e álcool. Desse total, 70 foram instaladas nos últimos 12 meses, segundo Mario Garrefa, presidente do Ceise (Centro de Indústrias de Sertãozinho). Garrefa afirmou que muitas dessas empresas que atendem ao setor sucroalcooleiro estão se expandindo para regiões consideradas novas fronteiras da cana, como Araçatuba, no oeste paulista, e para o Centro-Oeste do país.

Entre 2005 e 2006, foram criados 5 mil novos empregos com carteira assinada na região de Sertãozinho, 98% para as indústrias ligadas ao açúcar e álcool. A cidade conta com 100 mil habitantes. No ano passado, as indústrias de Sertãozinho exportaram juntas US$ 160 milhões em tecnologia sucroalcooleira. Em 2003, esse valor era de US$ 68,8 milhões. O produto dessas indústrias é exportado para mais de 70 países, e algumas empresas mantêm filiais em todo o Brasil e já estão instaladas fora do país.

É o caso da Smar, empresa fundada em 1974, durante o Proálcool, somente para fazer manutenção das turbinas acopladas às moendas de cana. Na década de 80, a empresa especializou-se em automação industrial. Com esse negócio, passou a atuar nas áreas de petroquímica, papel e celulose, bebidas e alimentos. Hoje o setor sucroalcooleiro representa 25% do faturamento do grupo, estimado em R$ 240 milhões, segundo Eduardo Munhoz, diretor da divisão de açúcar e álcool da companhia. Há três anos, o segmento representava menos de 15% do faturamento do grupo.

Há um ano, a empresa instalou em Nova York “uma espécie de montadora” para recepcionar equipamentos e peças do Brasil e comercializá-las para usinas de açúcar e álcool dos EUA, afirmou Munhoz. A fábrica instalada em Nova York não atende apenas ao setor sucraolcooleiro, mas os fortes investimentos em álcool nos Estados Unidos impulsionaram os negócios da Smar por lá.

Em Piracicaba, reduto da Dedini Indústria de Base, a maior companhia produtora de usinas de açúcar e álcool do Brasil, há 588 indústrias de um total de 8 mil instaladas na cidade e região ligadas ao açúcar e álcool. Os fornecedores da Dedini são cerca de 250 empresas na cidade e outras 150 fábricas na região, de acordo com informações da companhia.

Segundo José Antônio de Godoy, presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba), muitas empresas instaladas em Piracicaba não chegaram a fazer investimentos de expansão de seus negócios fora da cidade, mas isso não chega a ser uma má notícia. “A maioria operava com a capacidade ociosa, agora não mais”, disse.

Godoy afirmou que os investimentos na cidade ganharam impulso há dois anos com a criação do pólo nacional de biocombustíveis, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A cidade de Piracicaba traz de fora 1,5 mil trabalhadores para atender à forte demanda do setor sucroalcooleiro”, disse.

A maioria dessas indústrias tanto em Sertãozinho como em Piracicaba nasceu na década de 70, com a implantação do Proálcool. Na década de 90, boa parte dessas indústrias teve que buscar a diversificação de seus negócios por conta da crise que se abateu sobre o setor sucroalcooleiro. Agora, as turbinas voltaram a girar com mais força por causa do álcool.

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