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Cana faz preço da terra quadruplicar em Minas

Usineiros elevam produção de matéria-prima no Triângulo Mineiro; hectare passou de R$ 2 mil para R$ 8 mil em dois anos. As terras no entorno de Uberaba, no Triângulo Mineiro, tiveram uma valorização de 300% nos últimos dois anos. O preço do hectare quadruplicou de R$ 2 mil para R$ 8 mil por conta dos pesados investimentos da cadeia de açúcar e álcool naquela região.

“Vamos investir R$ 100 milhões na implantação de uma terceira unidade para a produção de álcool e açúcar no Triângulo. Mas não vamos divulgar o local exato, pelo menos por enquanto, para não haver especulação nos preços das terras”, diz o responsável pela Usina Delta, no município de mesmo nome, Abel de Miranda Uchôa.

A unidade do Grupo Carlos Lyra, que produz 1,85 milhão de toneladas de cana – 3,4 milhões de sacas de 50 quilos de açúcar e 49 milhões de litros de álcool por ano – atua na sua capacidade máxima. O Grupo Carlos Lyra, além de Delta, possui a Usina de Volta Grande, no município de Conceição das Alagoas que, a exemplo de Delta, fica na área de influência de Uberaba e opera também na capacidade máxima. A Volta Grande vai, este ano, moer 2,65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produzir 6,52 sacas de 50 quilos de açúcar e 36 milhões de litros de álcool.

“A produção média de cana-de-açúcar na região é de 14 toneladas por hectare. Na Região Nordeste, a média é de 11 toneladas e não há mais terras disponíveis, onde possa ser feita a plantação de cana sem irrigação”, afirma Uchôa. Tanto é que as unidades mineiras do Grupo Carlos Lyra, que iniciaram suas operações no Triângulo Mineiro há somente três anos, são responsáveis, por sua vez, por mais de 50% do faturamento do grupo com álcool e açúcar, de R$ 400 milhões em 2002.

Investimentos milionários

Em abril, o Grupo Tércio Wanderley inicia a produção de açúcar, após investir R$ 50 milhões na implantação de uma usina do produto, no município de Campo Florido, distante 60 quilômetros de Uberaba. O conglomerado chegou em 1994 ao Triângulo Mineiro, adquirindo a Destilaria Alexandre Balbo, hoje Usina Coruripe Filial Iturama, no município de mesmo nome. A unidade passou de uma moagem de 900 mil toneladas de cana-de-açúcar, naquele ano, para 2,5 milhões de toneladas, em 2003, tornando-se a maior produtora individual de álcool do País, com uma produção estimada de 120 milhões de litros.

No ano passado, entrou em operação a segunda unidade mineira do grupo, também no município, denominada Usina Coruripe Filial Campo Florido. Entre um ano e outro, a moagem de cana-de-açúcar passou de 688 mil toneladas para 1,35 milhão de toneladas. A quarta unidade do Grupo Tércio Wanderley no Triângulo Mineiro, no município de Limeira D’Oeste, com previsão de início das operações em 2005, receberá investimentos da ordem de R$ 60 milhões.

“O faturamento do grupo deve ficar em algo em torno de R$ 500 milhões esse ano. A expectativa é de que 60% desse montante seja proveniente das unidades mineiras”, diz o gerente geral da Usina Coruripe Filial Campo Florido, Rui Gomes Nogueira Ramos.

Segundo o executivo, exemplo do interesse do grupo em ampliar seus negócios na região é o recente acordo feito com o governo mineiro para asfaltamento da rodovia de acesso a Limeira D’Oeste, com investimentos de R$ 10,5 milhões.

A obra fica pronta em 2004. Além disso, o Grupo Tércio Wanderley assinou outro convênio com o governo mineiro para asfaltar, ainda este ano, o trecho que liga os municípios de Campo Florido e Pirajuba. Os valores da obra não foram divulgados, porém, ainda ficou acertado com o governador Aécio Neves, o asfaltamento do trecho da Usina Coruripe Filial Campo Florido até a BR-262, no próximo ano. Em 2005, a empresa vai fazer a pavimentação da estrada que liga o município de Pirajuba, próximo de Campo Florido, até a BR-364.

“Temos de, além de facilitar o acesso dos produtores de cana-de-açúcar até as usinas, escoar a produção. Ela não pára de crescer aqui no Triângulo, viramos mineiros”, afirma Ramos. O executivo paulista trabalha há 17 anos no Grupo Tércio Wanderley. “Devo me aposentar por aqui”, diz.

Auto-suficiência

“Até 2008, devido sobretudo à expansão da cana-de-açúcar no Triângulo Mineiro, o estado de Minas Gerais será auto-suficiente na produção de álcool e de açúcar”, afirma o presidente do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais (Sindaçúcar), Luiz Custódio Cotta Martins.

Atualmente, segundo o empresário, o Triângulo Mineiro responde por 65% da produção de cana-de-açúcar no estado. No ano passado, a produção de açúcar cresceu 13%, atingindo 1,093 milhão de toneladas. Na produção de álcool, a expansão foi de 22,5%, chegando a 776 milhões de litros. “O resultado que estamos obtendo é fruto, principalmente, da expansão da cana-de-açúcar no Triângulo Mineiro”, afirma Martins.

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