
Instituído no sistema Consecana na safra 2019/20, o fator de qualidade foi criado para valorizar a cana-de-açúcar pela melhor pureza do caldo, a qual gera maior rendimento em produto final na indústria.
“Esse rendimento será compartilhado por meio de fator adicionado ao ATR (kg/tc), a ser pago considerando a cana do fornecedor, por fundo agrícola, na quinzena, para a cana remunerada pelo ATR analisado ou pelo ATR relativo.
O ganho de ATR devido ao diferencial de pureza é proporcional ao Brix da cana do fornecedor na quinzena e será aplicado somente quando o diferencial de pureza da matéria-prima entregue pelo fornecedor for positivo”. Assim estabelece o termo de Atualização do modelo Consecana-SP, de 2019.
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Como o produtor pode melhorar a qualidade de sua cana-de-açúcar e fazer jus a essa remuneração foi o tema do quinto episódio do CanaoesteCast, o podcast da Canaoeste, que contou com a participação de Thiago de Andrade Silva, gerente de Soluções Integradas da Canaoeste; Roberto de Campos Sachs, engenheiro químico, coordenador da Canatec Consecana-SP; Alessandra Durigan, responsável pela área agronômica da Canaoeste, e Lucas Teodoro, supervisor do laboratório da Canaoeste.
Sachs lembra que a qualidade está relacionada ao uso e do que você precisa de determinado produto. “No caso da cana, são fatores intrínsecos, que devem levar em consideração alguns indicadores importantes: a Pol do caldo, a umidade e a pureza do caldo, levando-se em consideração que a pureza do caldo de cana não tem nada a ver com as impurezas minerais e vegetais da cana”, explica.
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Alessandra Durigan elencou algumas ações que podem ser adotadas nesse sentido. “Num adequado manejo varietal, numa determinada área, você distribui o material de acordo com o tipo de solo (ambiente de produção) e de acordo com a época em que essa área vai ser colhida, permitindo que a variedade expresse seu maior potencial de produção”, explicou.
“Temos orientado ao nosso produtor que acompanhe a operação de colheita: tem que haver uma velocidade de colhedora adequada, tem que manter os exaustores dessas máquinas regulados, para que eles limpem adequadamente essa cana, para aumentar a qualidade da matéria-prima. Outro fator são as pragas, que prejudicam a qualidade da matéria-prima. É preciso realizar o manejo adequado, pois temos muitas técnicas e tecnologia envolvida que o produtor pode aplicar para que ele não tenha o comprometimento da qualidade dessa matéria-prima”, disse.
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Para Sachs, a colheita mecanizada e terceirizada, que não está na mão do produtor, sobrepõe a qualidade da cana. “A logística, hoje, para colher e transportar prejudica a qualidade, principalmente do pequeno produtor, que depende do terceiro. A época de colheita é o que eu chamo de “período de guerra”, definiu. Segundo ele, o produtor precisa ter em mente dois quesitos para alcançar o fator de qualidade: “cana madura e cana limpa são o resumo do fator de qualidade”, sustenta.
Teodoro destaca, também, que os operadores de inspeção de qualidade da Canaoeste atuam dentro das unidades não só para acompanhar a cana do produtor, mas, também, para orientar os responsáveis pelos laboratórios das usinas a como seguirem as normas corretamente, garantindo que os erros de procedimento ou de equipamento possam ser mitigados.