JornalCana

Cana: agricultor vai para o oeste

Uma cerca separa o passado e o futuro na Fazenda Santa Clara, em Rubiácea, no oeste paulista.

De um lado estão 500 hectares de cana, que já começaram a ser colhidos. De outro, o pasto, onde um cocho e um bebedouro desativados antecipam que a área dará lugar a um canavial em 2007.

Após 12 anos na pecuária, o dono da fazenda, Martim Francisco Coutinho Nogueira, decidiu voltar à cana. Ele é mais um dos produtores seduzidos pelas boas perspectivas da cana na região, em comparação à pecuária e aos grãos e citros. Um número cada vez maior de agricultores tem investido na cana-deaçúcar no oeste paulista. São produtores locais, que deixam milho, laranja, soja e pecuária, e agricultores de tradicionais regiões canavieiras, que chegam em massa em busca de terras mais baratas e oportunidades.

BILHÕES INVESTIDOS

A corrida se justifica. Dados da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop) e da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool informam que a região abrigará, até 2010, 45 usinas canavieiras, num investimento de US$ 6,3 bilhões. Deste total, 3 já entraram em operação em 2004 e 2 no ano passado. A plena carga, as 45 usinas serão responsáveis pelo acréscimo de 90 milhões de toneladas à safra paulista de cana, que, em 2004/2005, foi de 230,3 milhões de toneladas.

Como as usinas, sozinhas, não darão conta de produzir tanta cana, o espaço para fornecedores independentes vai aumentar. Na safra 2004/2005, 68% do plantio de cana foi feito pelas usinas e 32% por fornecedores independentes. O ideal, porém, é a proporção de 50% para cada parte, diz o presidente da Udop, Luiz Guilherme Zancaner. A tendência das usinas é reduzir riscos, pois já carregam uma grande responsabilidade.

VAI-E-VOLTA

Filho de família que planta cana desde 1898, Nogueira sabe o que é lucrar e perder com a gramínea. Até 1994, era um grande fornecedor das usinas da região.

Plantava 1.500 hectares de cana/ ano, mas, com a crise do Proálcool, partiu para a pecuária de corte. Há dois anos, decepcionado com o preço da arroba, iniciou o descarte de 3.500 cabeças e os pastos viraram canaviais. Agora não há caminho de volta, diz Nogueira.

Mas desta vez Nogueira precaveu-se para evitar prejuízos.

Uma delas é não entrar em banco. A outra, não se amarrar em usina. Vou vender no mercado spot, onde a chance de lucro é maior, pois, além de aproveitar as altas, há mais liberdade para escolher o comprador. Outra recomendação: Não plante toda a área de uma só vez. Os 3 mil hectares de pasto da Santa Clara vão ser ocupados gradualmente pela cana, a uma proporção de 500 hectares/ ano. A fazenda tem 5 mil hectares, sendo mil já ocupados pela cana. Com isso, é possível fazer uma espécie de carteira – quando o produtor estiver bancando uma nova plantação, estará recebendo por um corte, o que ameniza custo e faz com ele sempre esteja com dinheiro em caixa, explica.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram