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Campo quer mais prazo para dívida

CNA diz que vai renegociar os débitos que nem sequer começaram a ser pagos. Antes mesmo de começar a pagar a dívida de R$20 bilhões, renegociada no ano passado, o setor do agronegócio quer mais prazo para o primeiro pagamento de parte dos compromissos. O presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, está negociando com o governo e com o Congresso Nacional, onde o agronegócio tem a maior bancada, a prorrogação do pagamento das dívidas para abril do ano que vem.

Na prática, os produtores já estão inadimplentes porque parte da dívida, um total de R$6,8 bilhões (Securitização) venceu no dia 31 de outubro último. Na renegociação, os agricultores ganharam 25 anos para pagar os débitos.

“Em 2007 teremos crise de liquidez. Não é nada de novo. É a crônica de uma morte anunciada”, declarou o presidente da CNA. De Salvo explicou que no Brasil a questão da dívida agrícola é recorrente. Essa situação ocorre porque o produtor rural não tem um seguro agrícola. Sempre que há um problema climático ou um ataque de pragas os produtores rurais têm de arcar com os prejuízos. Segundo o presidente da CNA, na próxima safra, como a agricultura está melhorando, a rentabilidade do setor será de no máximo. De Salvo calcula que o campo terá uma ganho de R$3,7 bilhões no período.

“Como pagar uma dívida de R$20 bilhões com uma rentabilidade de R$3,7 bilhões?”, perguntou o presidente da CNA.

A dívida de R$20 bilhões se refere apenas à região Centro-Sul. Os produtores nordestinos, na maioria pequenos, devem R$12 bilhões. Pelo que ficou acertado no ano passado, além das dívidas de securitização (R$ 6,8 bilhões), o governo renegociou outros R$ 6 bilhões de dívidas de investimentos. A renegociação foi feita por um prazo de cinco anos com dois de carência. A primeira parcela terá que ser paga no dia 31 de dezembro de 2007, segundo ficou acertado durante a última rodada dos entendimentos entre governo e agricultores. Também foram renegociadas as dívidas de custeio num total R$ 7,2 bilhões. Os produtores tiveram prazo de cinco anos e carência de dois. A carência vence no dia 31 de dezembro do ano que vem.

Apesar de apostar na crise de liquidez, o setor está otimista. Segundo a CNA, para 2007 os preços internacionais das principais culturas agrícolas já dão sinal de melhora. Para os produtores, a crise deste ano só não foi maior para o setor, porque o Brasil possui uma pauta bastante diversificada de produtos, o que reduz o impacto negativo sobre o desempenho total.

Mas essa melhoria dos preços das commodities no mercado internacional vai se refletir nos preços dos produtos agrícolas aqui dentro. Apesar disso, o presidente da CNA disse que a alta dos preços não terá reflexo na inflação.

“Os preços vão subir mas não terão reflexo na inflação. Há gordura para queimar. A carne, por exemplo, teve alta recentemente e nem por isso o fato teve impacto no índice, disse De Salvo.

Sucroalcooleiro

A exportação de açúcar e álcool deverá superar a de carnes em 2007, anunciou ontem a CNA. O faturamento obtido com as exportações de açúcar e álcool poderá superar no ano que vem a receita cambial das vendas de carnes, segmento que ocupa o segundo lugar na lista de produtos agrícolas mais exportados pelo Brasil.

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