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Campinas será pioneira na venda de biodiesel em postos

O biodiesel, na proporção de 2% misturado ao diesel (B2), começará a ser vendido no início da próxima semana em pelo menos 20 postos de combustíveis da região de Campinas. A Distribuidora Aspen, primeira a fornecer o produto para o varejo em São Paulo, divulgou hoje que 300 postos no Estado serão abastecidos com o B2 nos próximos três meses. O gerente comercial da distribuidora, Wonei Nardari, afirmou que o B2 terá o mesmo preço do diesel convencional nas bombas.

O biodiesel será fornecido à Aspen pela Fertibom, indústria de fertilizantes líquidos de Catanduva, hoje com capacidade de produzir 12 milhões de litros de biodiesel por ano. O diretor da empresa, Geraldo Martins, disse que a partir do próximo ano a capacidade será ampliada para 40 milhões de litros anuais.

A Fertibom não pode comercializar o biodiesel diretamente aos postos. O produto deve ser misturado e fornecido por uma distribuidora, comentou Martins. A fiscalização no varejo é responsabilidade da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Cada produtor será identificado por um marcador químico obrigatório.

“Pelo marcador, a ANP saberá que indústria forneceu o biodiesel”, comentou o diretor. Ele explicou que a Fertibom trabalha com produto certificado por um laboratório do Rio de Janeiro, credenciado pela ANP. “Em São Paulo não há laboratório autorizado a fornecer a certificação”, comentou.

O biodiesel da Fertibom é obtido basicamente a partir de gordura animal, adquirida em empresas que processam sobras de abatedouros. Martins acrescentou, entretanto, que a indústria testou pelo menos 20 oleaginosas diferentes para produção do combustível ecológico. Uma das mais promissoras, conforme o diretor, é o pinhão manso, de fácil cultivo e bom rendimento, em média 5 mil litros de óleo por hectare. No geral, é necessário um quilo de óleo para obter um litro de biodiesel.

Martins explicou que 30% da matéria-prima da fábrica será adquirida junto a produtores de agricultura familiar, com desconto de até 70% no PIS/Cofins.

A questão tributária ainda é um entrave à produção, comentou o diretor. Ele alegou que o biodiesel não é fiscalmente reconhecido em São Paulo, recolhe 18% de ICMS, enquanto o diesel recolhe 12%. “Do ponto de vista federal, a tributação do biodiesel é equivalente ou superior ao diesel”, alegou. De acordo com ele, essas questões precisam ser ajustadas.

“A Argentina isentou a cadeia de biodiesel por dez anos para garantir uma curva de aprendizado”, citou Martins. Na prática, o biodiesel é um pouco mais caro que o diesel. Mas Nardari alegou que a Aspen não irá repassar a diferença ao consumidor num primeiro momento.

O gerente comentou que a expectativa é de comercializar 300 mil litros de B2 nos próximos dez dias. A Aspen fornecerá o produto para postos de combustíveis que não tenham contrato de exclusividade com distribuidoras específicas.

Nardari disse que a distribuição começou a ser feita hoje, mas os postos somente venderão o produto a partir de segunda-feira. Alegou não dispor de projeções de venda num prazo maior. “Vamos testar o mercado”. Não é necessária nenhuma adaptação nos postos para a venda o biodiesel. Nem nos veículos que irão utilizar o combustível ecológico. O consumo por quilômetro varia conforme a matéria-prima. Na média, o rendimento é igual ao do diesel.

Martins citou que o biodiesel de gordura animal tem desempenho superior. “Tem uma estabilidade de oxidação fantástica. Já a soja possui alto teor de iodo e, por isso, é um biodiesel que não conseguiremos exportar para a Europa”, comentou. Acrescentou que, além de ecológico, o combustível atua como aditivo no motor do veículo.

A legislação federal determina mistura de 2% de biodiesel ao diesel para o comércio, facultativa até 2008. De 2008 a 2013, o B2 será obrigatório e o B5 (mistura de 5% do biodiesel ao diesel), opcional. A partir de 2013, o B5 se tornará obrigatório. “Em um prazo de dez anos, o Brasil tem imensas possibilidades”, defendeu Martins.

Empresas podem usar até o B100, biodiesel puro, em caráter experimental em frota própria, com autorização da ANP e da Cetesb. Agricultores, porém, não podem usar o produto, porque são legalmente pessoas físicas. “São distorções que, com sensatez e inteligência, terão de ser corrigidas”, avaliou o diretor.

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